• Taxas de juros caem com melhora da percepção fiscal após 3 sessões em alta

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  • 14/out 18:09
    Por Denise Abarca / Estadão

    Os juros futuros fecharam a sessão desta segunda-feira, 14, em queda firme, aparando o excesso de prêmios adicionados à curva nas últimas três sessões. Sem a referência do segmento de Treasuries, hoje fechado em função de feriado nos EUA, o mercado aproveitou sinais de melhora no ambiente fiscal para corrigir parte da alta acumulada, como declarações de autoridades e um possível plano do governo de contenção de gastos a ser executado após as eleições municipais.

    Numa sessão de liquidez mais baixa, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu de 12,66% no ajuste de sexta-feira para 12,53% e a do DI para janeiro de 2027, de 12,85% para 12,64% (mínima). O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 12,62% (mínima), de 12,84% no ajuste anterior.

    Dada a esticada dos prêmios, a expectativa era de que um ajuste em baixa na curva não tardaria, ainda que o alívio de hoje esteja longe de ser considerado tendência. Já pela manhã as taxas caíam, com o mercado acompanhando a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, no Congresso Itaú BBA Macro Vision 2024, no qual mostraram alinhamento nas percepções sobre as contas públicas e diagnósticos sobre o panorama econômico.

    Haddad defendeu o trabalho que vem executando à frente da Pasta ao mirar os gastos tributários e calibrar despesas e receitas em busca do equilíbrio. “Não vejo outro caminho para o Brasil que não seja o de calibrar uma trajetória consistente em que a receita cresça acima do PIB e a despesa cresça abaixo do PIB.” Ele sinalizou que a reforma do imposto de renda pode não necessariamente ocorrer este ano e, ainda, que a proposta orçamentária para 2025 está mais bem calibrada que a de 2024, que foi mais desafiadora.

    Já Galípolo disse que o ministro tem demonstrado “obstinação” na busca por uma política fiscal transparente, sustentável e socialmente justa e tem “clareza” do que precisa ser feito na seara fiscal. “Desde o início, o ministro Fernando Haddad vem reforçando essa visão de que a política fiscal e monetária devem trabalhar em harmonia, dois braços do mesmo corpo, como ele sempre cita. E acho que existe bastante clareza, na visão dele, sobre o diagnóstico e o que precisa ser feito, isso está bastante claro na agenda da Fazenda”, afirmou.

    O estrategista-chefe da AZ Quest, André Muller, destaca que a curva já tinha um cenário razoável de aperto monetário implícito, acima das projeções medianas do mercado, e que a Fazenda tem dito que os projetos mais urgentes são os relacionados à ponta da despesa. Com isso, Muller viu o movimento, principalmente pela manhã, relacionado mais a uma “ausência de uma deterioração adicional”.

    À tarde, o recuo das taxas se aprofundou na esteira da matéria apurada pela Reuters de que o governo prepara uma proposta de contenção de gastos para depois do segundo turno da eleição. “Não é exatamente uma grande novidade. O Ministério do Planejamento fez reunião com vários membros do mercado e indicou que várias coisas vêm sendo estudadas seja do lado da despesa seja do lado do IR”, diz.

    O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de agosto foi o principal item da agenda da segunda-feira, mas acabou em segundo plano, mesmo tendo surpreendido, com alta de 0,23% ante julho, ante consenso de estabilidade.

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