• ‘Numa campanha, só não vale perder’, diz aliado de Lima para favorecer candidata em Parintins

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  • 04/out 16:28
    Por Rayssa Motta e Fausto Macedo / Estadão

    “Numa campanha, só não vale perder, o resto”. A frase foi dita pelo ex-diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), Armando Silva do Valle, em uma reunião em agosto para definir estratégias para favorecer a candidata Brena Dianná, do União Brasil, que disputa a prefeitura em Parintins. Ele foi exonerado depois que as suspeitas de interferência indevida na eleição vieram a público.

    Membros da cúpula do Governo do Amazonas se reuniram no início de agosto e conversaram abertamente sobre como usar a Polícia Militar a favor da campanha de Brenda.

    “Uma campanha de prefeito ele (Wilson Lima) tem que pegar todo o pessoal da Cicom e trabalhar, como ele fez pra governador”, segue o ex-diretor-presidente da Cosama, que comanda a reunião. A Cicom é a Companhia Interativa Comunitária da Polícia Militar.

    O então secretário de Administração do Estado, Fabrício Rogério Cyrino Barbosa, garante: “A gente tem estrutura para fazer, é só combinar.”

    Também participaram da reunião o então secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz de Araújo, o então comandante das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), o tenente-coronel Jackson Ribeiro dos Santos, e o capitão da PM Guilherme Navarro Barbosa Martins, da Companhia de Operações Especiais (COE)

    Eles conversam sobre um plano para levar 28 policiais, dois carros e seis motos a Parintins. O município tem 96 mil habitantes e fica a 370 quilômetros de Manaus.

    O caso é investigado por suspeita de abuso de poder político. Ao abrir a investigação, a juíza eleitoral Juliana Mousinho afirmou que o grupo parece “arquitetar um plano para uso de forças policiais e de outros órgãos estatais para interferir no resultado das eleições municipais”.

    Nesta quinta-feira, 3, a Polícia Federal fez uma operação sobre a articulação a favor da candidatura de Brena Dianná. Segundo PF, há indícios de conluio entre membros de uma organização criminosa e agentes públicos para interferir na eleição.

    “A Superintendência Regional da Polícia Federal providenciou, esta semana, o aumento do efetivo policial no município de Parintins visando garantir a segurança do pleito na cidade, bem como a liberdade da população para exercer livremente o direito democrático ao voto”, diz um comunicado divulgado pela PF.

    O governador Wilson Lima (União Brasil) exonerou os secretários envolvidos na gravação alegando que assim a Justiça poderá “realizar o trabalho de investigação que julgar necessário”. Os policiais foram transferidos para funções administrativas até a conclusão do inquérito.

    “O Governo do Estado reforça que, além de garantir a lisura das investigações, o ato tem como objetivo permitir que os citados se defendam de forma isonômica e justa. Ao final do processo legal de investigação, em se comprovando a inocência das partes, os mesmos retornam aos cargos”, diz a nota divulgada pelo governo estadual.

    COM A PALAVRA, OS CITADOS

    Até a publicação deste texto, a reportagem do Estadão buscou contato com as defesas, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação (rayssa.motta@estadao.com e fausto.macedo@estadao.com).

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