• Líder supremo do Irã diz que Israel ‘não vai durar muito’ e mantém ameaças

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  • 04/out 14:56
    Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

    O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse nesta sexta-feira, 5, que Israel “não durará muito” e convocou “todos os muçulmanos” a lutar contra o país.

    Khamenei falou pela primeira vez desde a escalada de tensões entre Israel e Irã. Ele defendeu o ataque com mísseis do Irã ao território israelense nesta semana e a invasão do Hamas ao sul de Israel há um ano, quando os terroristas mataram 1.200 pessoas, dando início à guerra em Gaza.

    O líder supremo classificou os dois ataques de “atos legítimos”. Também chamou Hasan Nasrallah, o líder do Hezbollah morto por Israel em um ataque ao Líbano no fim de semana, de “irmão”. “A resistência da região não vai recuar inclusive com a morte de nossos líderes”, declarou.

    Khamenei discursou durante as orações semanais do islã em Teerã. Pela primeira vez em cinco anos ele comandou a cerimônia, um ato raro em homenagem a Nasrallah.

    No sermão, Khamenei defendeu o ataque com mísseis de seu país contra Israel e prometeu que seus aliados no Oriente Médio seguirão lutando, dias antes do primeiro aniversário da guerra em Gaza.

    O discurso, pronunciado em árabe e não em persa – idioma mais falado no Irã – é o primeiro do aiatolá Ali Khamenei desde que a República Islâmica lançou o segundo ataque de sua história contra Israel.

    Também é o primeiro desde que a violência transfronteiriça entre a milícia xiita libanesa Hezbollah e o Exército israelense desembocou em uma guerra no Líbano.

    Quase um ano depois do letal ataque terrorista do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, que desencadeou o conflito em Gaza, o Estado israelense anunciou que o “centro de gravidade” se deslocou para o norte, na fronteira libanesa.

    O ataque do Hamas foi “um ato internacional lógico e legítimo, e os palestinos tinham razão”, afirmou Khamenei, cujo país não reconhece o Estado de Israel. “A esse regime malévolo (…) não lhe resta muito tempo”.

    “A resistência na região não retrocederá ante esses martírios e vencerá”, acrescentou, referência aos assassinatos de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto em 27 de setembro em um bombardeio israelense perto de Beirute, e de Ismail Haniyeh, chefe do Hamas, em um ataque atribuído a Israel em 31 de julho em Teerã.

    Israel “não consegue prejudicar seriamente” o Hezbollah e o Hamas, afirmou, destacando que a luta do Hezbollah é um “serviço vital para toda a região”.

    Ataque do Irã a Israel

    Na terça-feira, 1º, Irã lançou 200 mísseis contra o território israelense, afirmando que se tratava de um resposta pela morte de Nasrallah e Haniyeh.

    Segundo uma fonte próxima ao Hezbollah, Nasrallah foi enterrado “provisoriamente” em um local secreto por temor que seus funerais sejam alvo de outro ataque de Israel.

    “A operação de nossas forças armadas há alguns dias foi totalmente legítima”, declarou o aiatolá, indicando que foi “a menor” das represálias.

    O ataque iraniano gerou uma série de ameaças cruzadas entre Israel e Irã, países arqui-inimigos.

    O presidente americano Joe Biden declarou nesta quinta-feira, 3, que estava “falando” com Israel de possíveis ataques contra instalações petrolíferas do Irã, país que fazem parte dos dez maiores produtores de petróleo.

    No Líbano, o Exército israelense realizou um bombardeio contra a região de Masnaa, no leste, provocando o corte da principal rodovia que conecta o país com a Síria.

    Israel acusa o Hezbollah de utilizar essa rodovia para enviar armas a partir da Síria. Cerca de 310.000 pessoas fugiram nos últimos dias a partir do Líbano para a Sítia por Masnaa.

    Em meio a todos esses ataques, Beirute recebeu nesta sexta-feira a visita do chanceler iraniano, Abbas Araqchi, que prometeu que Teerã está “firmemente ao lado dos amigos libaneses”.

    Durante a noite, intensos bombardeios israelenses tiveram como alvo o subúrbio do sul de Beirute, bastião do Hezbollah, devastado e agora desértico.

    Segundo o site americano Axios, que cita responsáveis israelenses, Hashem Safieddine, possível sucessor de Nasrallah à frente do Hezbollah, era o alvo desses bombardeios. O Exército israelense não confirmou a informação.

    Cinco prédios foram destruídos nos bombardeios e o Hezbollah proibiu o acesso ao local. “O chão tremeu sob nossos pés. O céu se iluminou”, contou Mohammed Sheaito, um taxista de 31 anos.

    O movimento libanês acusou Israel de ter realizado um ataque que “teve como alvo equipes da defesa civil que estavam retirando escombros e tentando recuperar feridos, matando um deles”.

    Combates no sul do Líbano

    No dia seguinte ao início da guerra em Gaza entre Israel e Hamas, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel em apoio de seu aliado palestino.

    Após trocar disparos na fronteira diariamente durante quase um ano, Israel intensificou seus bombardeios no Líbano desde 23 de setembro e, na segunda-feira, iniciou uma ofensiva terrestre no sul do país, onde nove de seus soldados morreram em combates contra o Hezbollah.

    Nesta sexta-feira, a milícia islamista afirmou ter disparado obuses contra militares israelenses na região libanesa fronteiriça de Marun al Ras.

    O Exército israelense afirmou que seguiria infligindo “duros golpes” ao Hezbollah para permitir o retorno de 60.000 residentes fronteiriços deslocados pelos constantes disparos de foguetes do movimento libanês contra o norte de Israel.

    Segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais, quase 2.000 pessoas morreram no Líbano desde outubro de 2023, entre elas pelo menos 1.110 desde 23 de setembro. O governo libanês calcula que cerca de 1,2 milhão de pessoas foram deslocadas.

    Apesar dos apelos à moderação terem se multiplicado nos últimos meses, Israel e Hamas não conseguiram alcançar um cessar-fogo em Gaza.

    O ataque do Hamas contra Israel de 7 de outubro deixou 1.205 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseado em números oficiais israelenses.

    A ofensiva de represália israelense em Gaza causou a morte de pelo menos 41.802 pessoas, também civis em sua maioria, segundo números do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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