• Na roleta da vida

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  • 15/08/2019 09:00

    Fui colocado contra a parede; não é assim que se fala?

    Pesquisadores atentos e amigos descobriram que completei, no ano corrente de 2019, 50 anos de filiação à Academia Petropolitana de Letras e que dela sou acadêmico decano.

    Resolveram realizar uma homenagem. Em princípio, fiquei assustado. Homenagem encabula, torna as pessoas um alvo das atenções gerais…

    Aceito o projeto do acadêmico Prof. Dr, Cleber Francisco Alves, verdadeiro amigo, pela diretoria do sodalício, instalou-se o corre-corre e fiquei assim-assim diante de eternas perguntas O que fazer? O que dizer?

    Pensei em adotar aquelas posturas típicas de humildade, porém entendi que o trabalho de minha vida, na seara cultural, compreendendo literatura, artes, pesquisas históricas, magistério, a epopeia do meu emprego bancário, as presidências de entidades, agremiações, órgãos classistas, as minhas ousadas oratórias, os escritos vários sob temáticas locais e universais, a coragem no enfrentamento das plateias exigentes amantes do teatro, a família esteio de tudo, que criei com devoção, embora parecendo ausente diante do sair, todos os dias, às 6 horas  e retornar à casa às 23 horas, gente! Loucura!

    Por que? – a pergunta  – e alguns afirmando ter eu uma telha de menos… Uma? Só? E, pelo certo, ninguém possui coisas a menos, porque não possui. Quanta filosofia!

    E, ouso dizer, minha vida tem sido vivida sob sonhos acordados. Saracoteei por ai como busca-pé nas rodas caipiras, sob uma coragem tímida e, ao mesmo tempo, resoluta, porque a vida humana está argamassada sobre as trilhas dos paradoxos.

    O que sou e sempre fui.

    Está em fase final, em conceituada gráfica, um de meus livros, a ser lançado no ano em curso: “Eterna Vida”, poesias, no qual reuni produção nova e alguma retirada dos gavetões repletos de quimeras literárias.

    O prefácio, fi-lo, em poema curto e objetivamente representativo da noção de vida, no melhor da máxima perfeita: Os filhos não são propriedade nossa; após cria-los na fase das descobertas, doamos suas vidas ao mundo, nas searas da luta pela dignidade e nos cânones dos ideais cristãos.

    Denominei o prefácio de “Roleta”, compreendendo que a vida é um jogo de risco imponderável e se nele estamos sentados no girar das bolinhas, é a sorte – ou a manipulação dos frios “croupiers” – que comandará nossos passos após deixar para trás as mesas insensíveis onde residem tragédias e conquistas, na cintilação dos olhos impregnados das melhores esperanças.

    Assim o prefácio para “Eterna Vida”:

    ROLETA / Joguei palavras / na roleta da gramática / e girei o pensamento / no jogo da criação. / Outro jogador / recolheu as fichas!

    Pois, então, estarei na sexta-feira, dia 16 de agosto de 2019, para comemorar esse meio século acadêmico. De repente, dou conta de que nada foi em vão e que tudo o que edifiquei não ruiu, pelo contrário, alimentou projetos ao futuro, como transformou sonhos em realidades.

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