Atlético de Madrid expulsa torcedor por atirar objetos e fica de ‘mãos atadas’ com organizada
O último clássico entre Atlético de Madrid e Real Madrid realizado no Estádio Metropolitano, na capital espanhola, foi marcado por uma interrupção de 20 minutos por conta de objetos atirados pela torcida atleticana no gramado. A ação gerou a expulsão de um sócio do clube após sua identificação como um dos autores dos arremessos. Porém, o Atlético ainda esbarra em como punir sua principal organizada, a Frente Atlético, formada por ultras espanhóis.
Comum em quase todos os clubes europeus, os ultras funcionam como as torcidas organizadas aqui no Brasil. Porém, o clube de Madri e vários outros do continente convivem com problemas de integrantes que descumprem leis por atos ofensivos, de violência e violação de regras dentro dos estádios.
Em comunicado oficial, o Atlético afirma que passará a adotar em seu regulamento duas punições para os torcedores: expulsão por atirar objetos no gramado e a proibição do uso de máscaras no interior do Estádio Metropolitano. Isso porque parte dos torcedores da equipe, muitos ligados ao movimento dos ultras, fizeram uma campanha para que a torcida usasse máscaras no jogo contra o Real Madrid com o objetivo de dificultar a identificação dos autores de atos racistas contra o atacante Vinicius Jr.
“O clube vai incorporar em breve no seu regulamento interno a proibição de utilização no interior do estádio de qualquer elemento ou vestimenta que impeça distinguir o rosto de uma pessoa para ocultar a sua identidade, situação que até agora não estava contemplada em nossos regulamentos. Caso esta regra seja violada, será realizada a sua expulsão imediata das instalações”, diz o texto.
Porém, as punições aplicadas pelo clube tendem a não ultrapassar a retirada das arquibancadas. Isso pelo menos em atos menos agressivos ou ações que sejam tomadas como um coletivo, como cantos racistas ou homofóbicos. Jornais espanhóis como o ‘Marca’ repercutiram no dia seguinte após o clássico os problemas que o Atlético tem em lidar com os ultras do clube.
Segundo a imprensa local, a lei impede que torcedores sejam presos ou detidos caso não tenham antecedentes criminais no seu histórico. Em comparação às expulsões individuais por objetos atirados no gramado, o ‘Marca’ afirma que os torcedores não devem ter o mesmo destino em casos como os insultos ou provocações com o uso de máscaras nas arquibancadas.
“Outra história, bem diferente, refere-se à tomada de medidas contra um grupo formado por milhares de pessoas e o clube afirma não ter capacidade de agir. O motivo é a lei que impede a expulsão de membros da Frente Atlético que não tenham antecedentes criminais ou que não participem em nenhum incidente grave”, diz em reportagem.
Apesar dos incidentes com parte dos ultras, o Atlético ressalta que tem uma torcida diversa e que os movimentos como a campanha pró insultos racistas à Vini Jr. não representam os torcedores do clube.
Após o jogo contra o Real Madrid, que terminou empatado por 1 a 1, a própria torcida do Atlético vaiou a interação entre o elenco e a Frente Atlético. Os atletas foram agradecer o apoio e o restante do estádio Metropolitano vaiou a ação. A imprensa local repercutiu como uma forma de protesto contra as ações hostis ao longo da última semana e à atitude de arremessar objetos no gramado.
O técnico Diego Simeone lamentou o comportamento dos ultras no momento que Thibaut Courtois, goleiro belga do Real Madrid e ex-jogador do Atlético, foi vaiado pela Frente durante a partida. Para o treinador, a ideia de arremessar objetos no campo foi desnecessária.
“Eles (Frente Atlético) disseram que o goleiro rival os provocou. Não justifica essa ação, mas também se poderia punir os que provocam”, afirmou em coletiva.
Ainda não se sabe a punição que o clube poderá receber por conta da paralisação forçada no jogo e nem se os torcedores que movimentaram a campanha racista contra Vini Jr. também serão punidos judicialmente. Vale lembrar que a La Liga entrou com um pedido oficial de prisão para estes torcedores.
Além disso, a própria Justiça da Espanha vem dando respostas positivas em relação à punição e detenção de torcedores racistas. Três torcedores do Valencia receberam sentença de oito meses de prisão por atos racistas contra Vini Jr. em 2023 e um outro, do Villareal, recebeu na última semana uma sentença de 12 meses de prisão. Neste último caso, no entanto, o homem fez um pedido público de desculpas, acatado pela Justiça, e ele não cumprirá a pena de prisão previamente imposta.