Maior ataque de Israel ao Hezbollah desde 2006 mata mais de 490
Israel desferiu, nesta segunda-feira (23), uma onda de ataques contra 1,3 mil alvos do Hezbollah no Líbano, matando 492 pessoas e deixando 1.645 feridos. Foi a maioria ofensiva israelenses contra a milícia xiita desde a guerra de 2006 e o dia mais mortal desde a guerra civil libanesa, que se arrastou de 1975 a 1990.
Pouco antes dos bombardeios, os militares de Israel alertaram a população civil para que se afastassem “imediatamente” de posições e depósitos de armas do Hezbollah. Milhares de pessoas deixaram cidades e vilarejos do sul do Líbano, provocando gigantescos engarrafamentos na direção da capital Beirute.
O chefe da operadora de telecomunicações libanesa Ogero afirmou que Israel fez mais de 80 mil tentativas de ligação pedindo que as pessoas saíssem de certas áreas. Ao menos um ministro do governo do Líbano confirmou que mensagens de texto e de voz chegaram a residentes.
A estação de rádio Voice of Lebanon afirmou ter sido hackeada pelas forças israelenses, que transmitiu a mensagem ao vivo. As Forças Armadas de Israel também publicaram um mapa mostrando 19 aldeias e cidades no sul do Líbano que estariam dentro do escopo das ações militares, mas não detalhou quais seriam alvos.
“Aconselhamos os civis das populações libanesas localizadas dentro e perto de edifícios e áreas usadas pelo Hezbollah para fins militares a partirem imediatamente. As forças israelenses realizarão bombardeios extensos e precisos contra alvos terroristas que se tornaram enraizados em todo o Líbano”, afirmou o porta-voz do Exército, Daniel Hagari.
Terror
Os alertas provocaram críticas de grupos de direitos humanos, que argumentam que os civis libaneses não teriam como saber se estavam ou não perto de alvos militares. Ziad Makary, ministro da Informação do Líbano, chamou as mensagens de uma forma de “guerra psicológica” de Israel.
O Hezbollah respondeu com o lançamento de mais de 150 foguetes, mísseis e drones contra o território israelense. A maioria dos disparos atingiu cidades do norte, na região metropolitana de Haifa, onde sirenes de alerta soaram para que as pessoas se dirigissem a abrigos antibombas. Pelo menos 10 projéteis de longo alcance foram disparados em direção a assentamentos na Cisjordânia, a mais de 100 quilômetros da fronteira com o Líbano.
As escolas permaneceram fechadas ontem em muitas partes do norte de Israel, inclusive em grandes cidades como Haifa e Nahariya, que se preparavam para a retaliação do Hezbollah. No fim de semana, os militares israelenses impuseram restrições de movimento, dizendo que apenas as empresas próximas a abrigos fortificados poderiam funcionar. O maior hospital do norte de Israel, em Haifa, transferiu toda sua operação para o estacionamento subterrâneo.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que os militares estavam mudando o equilíbrio de forças ao longo da fronteira norte do país com o Líbano. “Eu prometi que iríamos mudar a balança de poder no norte e é o que estamos fazendo”, afirmou o premiê.
Alertas
O governo americano pediu que seus cidadãos deixem o Líbano “enquanto os voos comerciais ainda estão disponíveis”. “Se a situação se agravar, a fuga pode ser tornar impossível”, disse o Departamento de Estado dos EUA, em nota. Reino Unido, França e Espanha fizeram o mesmo.
Ontem, o governo americano disse ser contra uma invasão terrestre por parte de Israel. O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a Casa Branca estava trabalhando para reduzir a tensão. “Minha equipe está em contato constante com os envolvidos”, disse o presidente. “Estamos trabalhando para permitir que as pessoas voltem para suas casas em segurança.”
Integrantes do Ministério das Relações Exteriores do Brasil avaliam a retirada de brasileiros do Líbano após a intensificação dos ataques de Israel. A medida faz parte de planos analisados por diplomatas junto com a comunidade brasileira no Líbano. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.