Câmara debate troca de charretes por veículos elétricos.
Na manhã de hoje, às 11h, foi realizado um debate na Câmara de Vereadores para apresentar aos charreteiros os veículos alternativos que poderiam vir a substituir as tradicionais charretes em Petrópolis. Estavam presentes no encontro charreteiros, protetores dos animais, representantes do Cobea – Coordenadoria de Bem-Estar Animal, OAB-Petrópolis, Defensoria Pública e o presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB Estadual, Reynaldo Velloso. A reunião foi a primeira da Comissão Especial.
A presidente do AnimaVida, Ana Cristina Ribeiro, chegou a comparecer à reunião, porém foi aconselhada pela presidente da Comissão Especial, Gilda Beatriz, a retornar em outra oportunidade. Isso porque de acordo com ela, o encontro de ontem trataria apenas de assuntos relacionados aos veículos alternativos, caso as vitórias deixem de ser utilizadas no município. Mesmo assim, Ana Cristina aproveitou para protocolar um pedido na Câmara dos Vereadores para que caso as charretes acabem, a Casa Legislativa se responsabilize em acompanhar os cavalos, que deixarão de ser usados por, pelo menos, dois anos. O mesmo pedido foi protocolado também na OAB Petrópolis, que teria a mesma responsabilidade.
“Como foi sugerido não ficarei para a reunião. Porém, gostaria de ressaltar que sou contra a substituição dos cavalos por esses veículos. O motivo para a minha opinião é simples, o que será feito com esses animais uma vez que eles não tiverem mais serventia? A ideia é entregá-los a santuários, porém só existe um espeço desse tipo em Petrópolis e ele sobrevive de doações, ou seja, não teria estrutura para manter todos esses equinos. Além disso, acompanho a situação dos cavalos de Petrópolis há anos e visito regularmente os charreteiros. Posso garantir que não existe mais maus-tratos a cavalos utilizados nas charretes que ficam em frente ao Museu Imperial. O meu único interesse é garantir a segurança dos animais que estão ali e afirmo que eles são bem tratados”, disse Ana Cristina.
Ainda de acordo com ela, o episódio que reacendeu a polêmica em torno das charretes, em que um cavalo foi filmado caído no chão, foi sim um acidente. “Antes mesmo de conversar com qualquer pessoa eu vi que havia sido uma fatalidade. O cavalo escorregou e não tinha nenhum sinal de maus-tratos. Por isso, acredito que será muito pior para os cavalos, que o serviço de charretes tracionadas em Petrópolis seja extinto”, considerou.
O debate foi inciado pelo presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB Estadual, Reynaldo Velloso, que contou aos charreteiros sobre a sua atuação na transição dos meios de tração nos passeios turísticos em Paquetá, onde os cavalos que puxavam as tradicionais charretes foram retirados das atividades. “Reuni-me com os profissionais de lá e conseguimos chegar a um acordo que fosse bom tanto para os charreteiros e suas famílias, quanto para os animais. Substituir as charretes por veículos elétricos já é uma tendência mundial e que também está chegando no Brasil. Precisamos nos adaptar às mudanças. Claro, sempre visando ao bem-estar de todos. Em Paquetá, a prefeitura deu todos os veículos aos charreteiros e ficou com os cavalos”, explicou.
O assessor da Coordenadoria de Bem-Estar Animal, Jayme Mendonça, também se pronunciou sobre o assunto e ressaltou a importância da cautela na discussão do tema. “Não se pode simplesmente jogar na mesa a possibilidade da prefeitura comprar charretes elétricas para cada charreteiro e ainda arcar com os custos de 50 cavalos, número dos que são utilizados em Petrópolis, sem que seja feito um estudo a respeito. É preciso que haja um fundo de investimento para isso e diante da crise que o país se encontra acredito que muitos empresários não irão querer fazer esse tipo de investimento agora. Entendo que tudo isso precisa ser discutido, mas as possibilidades precisam ser reais. Foram apresentados diversos modelos alternativos de veículos elétricos, mas quem pagará por eles?”, considerou.
Apesar de todo o debate e diante das novas possibilidades de transporte, os charreteiros não receberam bem as propostas. “Não vejo ninguém pensando em nós. Estamos sendo, inclusive, agredidos verbalmente nas ruas por mentiras espalhadas na internet. Convido todos os interessados a conhecer em qualquer dia o local onde os nossos cavalos ficam e como são cuidados e alimentados. Gasto por mês mais de R$ 3 mil com os meus três cavalos e garanto que eles estão muito bem de saúde. É importante que as pessoas conheçam as coisas antes de julgar. Os turistas adoram o nosso trabalho e as crianças ficam apaixonadas pelos cavalos. Muitos, inclusive, nunca tinham visto um pessoalmente. Não acho que a substituição deles nos trará benefícios”, disse Roni da Silva, que trabalha há 15 anos como charreteiro.