• Casa às margens da BR-040 pode ser demolida a qualquer momento

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 31/05/2016 17:00

    O drama dos moradores que vivem às margens da BR-040 ainda está longe de ser resolvido. Porém, atualmente quem mais corre risco de ter o imóvel demolido é o carpinteiro Crisanto Elias da Cruz, que vive há mais de 20 anos na região. O Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis, CDDH, entrou com um pedido de suspensão da demolição da residência, mas o desembargador da 1ª Vara Federal julgou o pedido improcedente. Diante da decisão, o petropolitano, que vive sozinho e afirma não ter para onde ir, pode ter o imóvel demolido a qualquer momento.

    Segundo o CDDH, uma vez esgotadas as estratégias jurídicas de atuação, a equipe do Centro afirmou que espera obter novas perspectivas de atuação para garantir o direito à moradia para as famílias afetadas através de uma reunião que foi realizada entre membros do CDDH Petrópolis, o atual Secretário de Habitação do Estado, Bernardo Rossi, e o presidente da Concer, empresa que administra a rodovia, e também responsável pelas ações de remoção, Pedro Johnson.

    “Até o momento, 59 processos já foram extintos em virtude do trabalho de regularização fundiária realizado pelo Iterj – Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro –, a partir do Grupo de Trabalho criado pelo Ministério Público Federal e que reúne hoje diversos órgãos, entidades, setores públicos e organizações. Demolir casas em meio a um estudo como esse é desconsiderar não apenas todo o trabalho que está sendo realizado, mas um direito fundamental dessas pessoas”, considerou a assessora do CDDH, Juliana Oliveira.

    Crisanto, que construiu a casa com as próprias mãos, afirma que perder a casa dessa forma, principalmente na crise em que o país se encontra, é o mesmo que perder a vida. Ainda segundo ele, o processo movido pela concessionária que administra a rodovia, a Concer, visa apenas o lucro e não os direitos e bem-estar dos seres humanos que vivem há anos na região. “Esse é o pior sentimento para alguém vivenciar. Tantos anos de trabalho árduo e sacrifícios para construir a minha casa para perder duas décadas depois. Considero isso uma grande injustiça! Como podem cogitar jogar famílias inteiras na rua? Ainda mais sabendo que a maioria não tem condições de se mudar”, disse em tom de lamentação. O carpinteiro mora entre os quilômetros 57/58 da BR-040.

    Reuniões entre os moradores e representantes do CDDH têm sido realizadas semanalmente. Além disso, os casos mais graves são acompanhados 24h pelo Centro. O objetivo é evitar que mais algum imóvel seja demolido. “Além de ser trabalhador, o Crisanto é uma ótima pessoa. Moro ao lado dele e precisei passar alguns dias na sua casa. É muito triste acompanhar a agonia de uma pessoa sem poder fazer nada para ajudar”, disse o jardineiro e vizinho de Crisanto, Manoel Alves da Silva. 


    Últimas