• Denúncias de maus-tratos contra animais seguem aumentando em Petrópolis

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  • 17/set 19:44
    Por Maria Julia Souza I Foto: Reprodução

    Os relatos referentes a maus-tratos contra animais seguem aumentando em Petrópolis. Dados do Linha Verde, programa do Disque Denúncia voltado para o Meio Ambiente, mostram que, até o momento, foram registradas 101 denúncias sobre a prática. O número é 29,5% maior em comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 78 denúncias.

    Segundo a Coordenadoria de Bem-Estar Animal (Cobea), até o momento, 420 denúncias relacionadas ao bem-estar animal foram recebidas pelo órgão. Um aumento de 8,25% em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram 388 ocorrências.

    Virginia Pereira, da ONG Somos Todos Protetores, conta que os relatos feitos para a instituição também aumentaram. “A gente considera abandono como maus-tratos também. Nós recebemos denúncias de pessoas que acorrentam os animais, que deixam eles sem comida e água, no sol ou na chuva, e que trancam os animais e vão embora. Esses relatos, infelizmente, são cotidianos. E o abandono aumentou muito mais. Apesar de ter sido feito todo aquele processo de castração, ainda continua se abandonando muito”, disse.

    Ela ainda conta que a instituição resgatou, neste ano, 23 animais vítimas de maus-tratos, e que, pelo fato da ONG não possuir mais espaço para abrigá-los, eles passaram a ficar em lares temporários com os próprios voluntários da instituição.

    “A gente não pode fazer uma comparação muito rígida [de 2023 para 2024], porque nós tivemos a enchente, tivemos um problema lá no Independência. Mas até agora, o abandono foi maior, infelizmente. Além disso, nós temos animais que fogem por causa dos fogos de artifício. Então, muitos deles podem até não ter sido abandonados. O grande problema é identificar o tutor que está procurando o animal, com o [animal] que aparece na rua, principalmente gato, porque muitos deles são parecidos”, contou Virginia.

    A protetora Carla Maduro, da ONG Irmão Animal, também conta que a instituição recebeu vários relatos sobre a prática, sendo a maioria envolvendo cães e gatos. Ela explica que o maior caso registrado pela instituição e em que os animais ainda estão em processo de reabilitação, foi um em que haviam animais em gaiolas, vivendo em locais insalubres, sem alimentação, sendo encontrados até ossos de outros animais.

    “O caso foi registrado na polícia pelas protetoras amigas, que estiveram no local para a retirada dos gatos. Foram em torno de 16”, relatou.

    Ela ressalta que os números registrados neste ano são maiores do que durante o mesmo período do ano passado, destacando a importância do trabalho de conscientização.

    “Os casos aumentaram de forma absurda esse ano, superlotando os lares temporários que hoje temos, e limitando até a ajudar outros. É fundamental esse trabalho de conscientização. Seguimos também com o trabalho com crianças nas escolas e acreditamos que ensinando os pequenos, as chances de levarem para as famílias informações de cuidados são até maiores do que tentarmos diretamente com os adultos”, contou.

    Principais motivos para o abandono de animais

    Virginia Pereira explica que no período da pandemia de Covid-19, por se sentirem solitárias em casa, as pessoas começaram a adotar os animais, como uma companhia. No entanto, com a vacina e a volta do trabalho presencial, alguns deles acabaram perdendo o emprego e alguns viram que não seria possível ficar com o animal, ocasionando o abandono. A partir daí, o número de animais abandonados sofreu um aumento ainda maior.

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    “O que eu considero: primeiro, a pessoa vai por impulso, ‘ah, meu filho quer um gatinho ou um cachorrinho’, aí ela acha que é um brinquedo, mas não é. Ele tem custos e consequências, você se torna responsável por ele, é um ser vivo. Segundo ponto, muitas pessoas ficaram desempregadas, as coisas aumentaram muito e a pessoa pensa: ‘poxa, vou soltar o cachorro ou o gato, que de repente na rua, ele tem mais possibilidade de se alimentar’. Outra situação, aqui em Petrópolis especificamente, os proprietários das casas não permitem animais e quando permitem, são de pequeno porte e determinam um número”, finalizou.

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