• Sem Nova York, Ibovespa inicia semana em queda de 0,81%, abaixo dos 135 mil

  • 02/set 17:39
    Por Luís Eduardo Leal / Estadão

    Em dia de feriado em Nova York e com dólar acomodado na elevada casa de R$ 5,61, o Ibovespa operou no negativo, lutando ao longo da tarde para reter o nível dos 135 mil pontos em fechamento. Ao fim, a referência da B3 mostrava perda de 0,81%, aos 134.906,07 pontos, entre mínima de 134.496,71 e máxima de 136.003,81, equivalente à abertura. Sem negócios em NY nesta segunda-feira, o giro se enfraqueceu a R$ 14,0 bilhões. No ano, o Ibovespa ainda avança 0,54%, com ganho limitado pelo desempenho negativo nas últimas três sessões.

    Sem a referência de Wall Street, as ações de maior liquidez e peso no Ibovespa mantiveram sinal de baixa na sessão, com Vale (ON -1,41%) à frente. Apesar da relativa recuperação do petróleo nesta segunda-feira, em que os investidores monitoraram a tensão no Oriente Médio e indícios de aperto na oferta, as ações da Petrobras cederam terreno, com a ON recuando 0,42% e a PN, 0,94%, no fechamento – negativo também para os grandes bancos, à exceção de BB (ON +1,07%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Assaí (+2,40%), 3R Petroleum (+1,97%) e IRB (+1,94%). No lado oposto, Azul (-18,18%), BRF (-6,02%) e Marfrig (-4,26%).

    Além do feriado pelo Dia do Trabalho nos Estados Unidos, a sessão na B3 foi marcada por forte correção nos preços do minério de ferro na China. Em Dalian, a queda foi de 4,36%, e em Cingapura, de 4%, o que colocou o principal contrato negociado na cidade-Estado abaixo de US$ 100 por tonelada. “Dados sobre a atividade fabril na China têm decepcionado, e as vendas de casas indicaram piora”, o que se reflete nas cotações da commodity e nas ações do setor metálico no Brasil, aponta Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital.

    Em acréscimo, “o feriado nos Estados Unidos deixou o mercado daqui não apenas com menos liquidez, mas também menos volátil”, diz Matheus Massote, especialista da One Investimentos, referindo-se ao sinal de baixa que prevaleceu ao longo da sessão na B3. Ele considera como natural alguma acomodação para o Ibovespa após o “excepcional” desempenho colhido em agosto, quando o índice avançou 6,54%, no que foi sua melhor performance desde novembro passado – um avanço proporcionado em agosto pela retomada do ingresso de capital estrangeiro na Bolsa. No mês, o Ibovespa também tirou a máxima histórica que vinha do fim de dezembro, da casa de 134 mil para a inédita marca de 137 mil – ou seja, cerca de 3 mil pontos adiante.

    “No câmbio, o mercado ainda repercutiu o movimento da última sexta-feira, de venda de dólar pelo BC, tanto à vista como em swap, com o rebalanceamento do EWZ – ETF de Brasil em Nova York – que passa a contemplar também ações de empresas brasileiras listadas no exterior, o que favorece a saída de dólares do País”, diz Massote. Nesta segunda, o dólar à vista fechou em baixa de 0,36%, a R$ 5,6148.

    Apesar do leve ajuste, o dólar se manteve hoje em patamar considerado alto, refletindo piora, na margem, na percepção sobre as contas e a dívida públicas, especialmente desde a última sexta-feira – dia de dois leilões cambiais feitos pelo Banco Central, e no qual a autarquia também divulgou dados que apontaram elevação da dívida bruta do governo geral, de 77,8% do PIB em junho para 78,5% no mês seguinte. Em dezembro de 2023, a dívida correspondia a 74,42% do PIB.

    “A alta do dólar pressiona a inflação, o que pode levar o Banco Central a adotar uma postura ainda mais rígida na política monetária, dificultando o acesso ao crédito e potencialmente freando o crescimento econômico”, aponta André Colares, CEO da Smart House Investments, mencionando um cenário que tende a resultar em “ambiente de cautela” para os investidores, atentos ainda a movimentações tanto no Brasil como no exterior, especialmente nos Estados Unidos, com a aproximação do início de cortes de juros pelo Federal Reserve neste mês de setembro.

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