Taxa de desemprego mantém a tendência de queda no Brasil, avalia IBGE
A taxa de desemprego mantém a tendência de queda no País, com melhora tanto quantitativa como qualitativa do emprego. Há geração contínua de vagas, acompanhada por uma expansão da formalidade e da alta no rendimento. A avaliação é de Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O crescimento quantitativo (da ocupação), via expansão da formalidade, e o crescimento do rendimento trazem um cenário bem importante para o mercado de trabalho atualmente”, afirmou Beringuy. “A gente mantém tendência de queda na taxa de desocupação.”
A taxa de desemprego passou de 7,5% no trimestre móvel encerrado em abril para 6,8% no trimestre encerrado em julho. O resultado tinha sido de 6,9% no trimestre móvel terminado em junho (série considerada não comparável pelo IBGE, por haver repetição de dois terços da amostra).
Segundo Beringuy, a melhora no emprego alimenta um ciclo virtuoso: a existência de mais trabalhadores ocupados, com ganho de renda, resulta em mais consumo, o que leva atividades econômicas a efetivarem mais contratações para atender à alta na demanda.
“A gente tem uma melhoria importante da renda do trabalho, e parte importante do consumo vem da renda. A renda é âncora importante para o consumo”, disse Beringuy. “Simbioticamente, ele (o mercado de trabalho) gera demanda para si próprio. O crescimento de emprego com aumento de renda, alimentando o consumo, ele gera mais emprego, mais trabalho.”
O País registrou uma abertura de 1,227 milhão de vagas no mercado de trabalho no trimestre até julho, elevando a população ocupada a um recorde de 102,031 milhões de pessoas. Em um ano, mais 2,687 milhões de trabalhadores encontraram uma ocupação.
Ao mesmo tempo, a população desocupada recuou em 783 mil pessoas em um trimestre, queda de 9,5%, totalizando 7,431 milhões de desempregados no trimestre até julho. Em um ano, 1,090 milhão de pessoas deixaram o desemprego.
“É uma população desocupada que segue em queda, reprisando o comportamento que a gente já vem acompanhando nos últimos meses”, disse a pesquisadora do IBGE. “A melhoria do mercado de trabalho que se dá pela expansão do consumo das famílias, acompanhado de crescimento da renda, é que acaba gerando mais trabalhadores (ocupados).”
Embora a população ocupada atuando na informalidade tenha aumentado no trimestre até julho, para 39,446 milhões de pessoas trabalhando nessas condições, a expansão da ocupação no trimestre ocorreu majoritariamente via formalidade. Dois terços de todos os empregos gerados no mercado de trabalho no trimestre foram formais.
“A ocupação como um todo vem crescendo, e ela cresce tanto pela população ocupada informalmente como a população ocupada formalmente”, lembrou Beringuy.
A pesquisadora diz que a informalidade é uma forma de inserção extremamente significativa, em termos de volume, para a composição do mercado de trabalho brasileiro, mas há também um movimento “importante” de expansão do emprego formal.
O País registrou contingente recorde de trabalhadores ocupados tanto no setor privado quanto no setor público no trimestre terminado em julho. Houve uma abertura de 353 mil vagas com carteira assinada no setor privado em relação ao trimestre encerrado em abril, totalizando um recorde de 38,542 milhões de trabalhadores com esse vínculo empregatício. Já o contingente de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado aumentou a 13,916 milhões de pessoas, também um ápice da série histórica iniciada em 2012, 378 mil de vagas a mais nessa condição do que no trimestre anterior.
O setor público absorveu 424 mil pessoas a mais no trimestre terminado em julho ante o trimestre encerrado em abril, para um auge de 12,695 milhões de ocupados nessa categoria.
“Esse crescimento do mercado de trabalho, seja via formalidade ou informalidade, ele tem ocorrido sem a repressão do salário. Então a gente tem acompanhado sim o crescimento do número de trabalhadores, mas também da remuneração, do rendimento que esse trabalhador aufere da ocupação”, acrescentou.
O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 0,7% na comparação com o trimestre até abril, R$ 22 a mais, para R$ 3.206. No entanto, no trimestre móvel até junho, a renda média era ligeiramente maior, R$ 3.225.
“A princípio não vejo nenhuma inflexão nisso (na trajetória de alta na renda)”, assegurou Beringuy.