• Ibirapuera faz 70 anos: como parque virou referência cultural e ambiental em SP

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  • 21/ago 13:08
    Por Redação O Estado de S. Paulo / Estadão

    Mais de 150 hectares de área, 532 espécies de plantas, dezenas de modalidades esportivas e nove espaços culturais: não à toa o Parque do Ibirapuera é um dos destinos mais procurados pelos paulistanos e turistas. Nesta quarta-feira, 21, um dos principais cartões-postais de São Paulo completa 70 anos. A inauguração ocorreu em 1954, como parte das comemorações dos 400 anos da cidade.

    O projeto do parque foi concebido pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Ulhôa Cavalcanti, Zenon Lotufo, Eduardo Kneese de Mello, Ícaro de Castro Mello, além do paisagista Augusto Teixeira Mendes. Desde 2020, a gestão do Ibirapuera passou à iniciativa privada. Uma das obrigações da concessionária é manter o acesso livre e gratuito do público ao parque durante todo o contrato de 35 anos. São, em média, mais de 18 milhões visitantes por ano.

    O Ibirapuera chegou a ser apontado como um dos dez melhores parques urbanos do mundo pelo jornal britânico The Guardian. O parque também já foi eleito o 8º melhor do mundo de acordo com o Travellers Choice, prêmio promovido pelo site de viagens TripAdvisor, e nos recortes “América do Sul” e “Brasil”, o Ibirapuera liderou os dois rankings.

    O grande parque de São Paulo

    A falta de jardins públicos em São Paulo foi a razão central para a criação do Parque do Ibirapuera. O local escolhido para a construção era uma área alagadiça, que fazia parte da região conhecida como Várzea de Santo Amaro. O terreno final acabou sendo a junção de duas grandes áreas.

    Tudo começou na década de 1920, quando o então prefeito José Pires do Rio queria transformar a região em um parque semelhante aos existentes na Europa e nos Estados Unidos. Relatório da administração municipal apontava que as inspirações para o Ibirapuera eram o Bois de Boulogne, em Paris, o Hyde Park, de Londres, e o Central Park, de Nova York.

    Em 1927, Manuel Lopes de Oliveira, conhecido como Manequinho Lopes, iniciou o plantio de centenas de eucaliptos, buscando drenar o solo e eliminar a umidade excessiva do local, possibilitando já na década de 40 que o local fosse sede de provas de ciclismo. A inauguração oficial só aconteceu em 21 de agosto de 1954, como parte das comemorações dos 400 anos da cidade.

    Importância cultural, ambiental e social para a cidade

    Ao longo das décadas, o Ibirapuera foi se consolidando como referência na cidade e recebe milhares de pessoas diariamente. Há quem prefira praticar esportes nas quadras e correr pelas pistas, outros que gostam de ler em bancos e fazer um piquenique em família. Apesar das diversas opções, a conexão com a natureza e a possibilidade de paz no meio do burburinho da cidade são os grandes motivadores.

    Em 2019, o Ibirapuera levou o título de melhor parque da cidade e, desde 2020, a empresa Urbia é a gestora do espaço. O local tem alguns serviços novos e extensa exposição de marcas. Até o final de 2025, a concessionária prevê investir ainda R$ 50 milhões no parque.

    Marco arquitetônico da cidade

    Como se toda a área verde não fosse suficiente, o Ibira tem grande importância cultural. Ao todo são nove espaços que merecem a visita: Museu Afro Brasil; OCA, MAM, Pavilhão Japonês, Planetário, Auditório Ibirapuera, Pavilhão da Bienal, Pavilhão das Culturas Brasileiras e Escola de Astrofísica.

    As construções mais famosas até hoje são a Oca, que conta com um formato único e disposição de luz interna através de um conjunto de 33 janelas circulares, e o auditório Oscar Niemeyer ou Auditório Ibirapuera, em formato de trapézio branco, com uma rampa sinuosa e uma chamativa escultura vermelha da artista Tomie Ohtake. O projeto tinha sido idealizado com uma marquise, que serviria como elemento de articulação para o conjunto, no entanto, acabou sendo criticada pelo próprio arquiteto.

    Rainha do Ibira

    Uma das grandes fãs do espaço era a cantora Rita Lee. Em sua autobiografia, ela narra, por exemplo, a relação da família com o parque. “Estacionávamos em frente ao Instituto Biológico e de lá seguíamos a pé dois quarteirões até a entrada da floresta. A imensidão do lugar nos convidava a abrir pequenas clareiras em pontos diferentes, onde montávamos um pequeno acampamento. Cada um de nós escolhia uma árvore ou planta para “tomar conta”, limpando ervas daninhas, juntando folhas mortas e batizando as plantas”, relata.

    Um de seus locais favoritos, de acordo com o livro, era o Planetário – lugar que era seu “must semanal” e gostava de ir toda semana. Por isso mesmo, seu velório foi feito ali. Como homenagem, o teto do espaço exibiu imagens estáticas do céu do dia 31 de dezembro de 1947, data em que a artista nasceu. Em abril de 2001, a cantora fez um show histórico no parque.

    Em junho deste ano foi sancionada projeto de lei que dá o nome de Rita Lee a uma praça no interior do parque. A proposta inicial, assinada pela vereadora Luna Zarattini (PT), era de alterar o nome do parque, mas a mudança não foi aprovada.

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