• O Caminho da Resiliência

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  • 14/ago 19:32
    Por Gil Kempers

    A importância dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil

    Atualmente, muito se discute a importância das obras, ou, também podemos chamar de medidas estruturais, como a principal medida de redução de risco. Sim, realmente são muito importantes, pois reduzem as vulnerabilidades no território e consequentemente, minimizam os riscos, prevenindo ou atenuando os desastres, principalmente quando se trata de risco geológico envolvendo movimentos de massa, tais como deslizamentos e escorregamentos.

    Mas não são apenas as ações estruturais que minimizam as vulnerabilidades locais. As ações não estruturais são tão fundamentais quanto as estruturais.

    Quando olhamos outros países com mais experiências em desastres como o Japão, Espanha, Chile e Cuba, podemos perceber a importância da capacitação da população e do desenvolvimento de uma cultura resiliente. É fundamental entender os riscos que podemos ser submetidos diariamente e saber como agir em caso de necessidade, seja em casa, na rua ou no caminho para o trabalho.

    Desta maneira, sem criar nada e sem inventar a roda, podemos aprender com esses países a importância dos núcleos comunitários de defesa civil. Esses núcleos de voluntários, quando treinados e capacitados pela defesa civil, podem desenvolver diversas ações comunitárias, seja na prevenção, preparação e mitigação, como também na ocorrência de um desastre, auxiliando nos abrigos, pontos de apoio e diversas outras frentes, sendo fundamentais para interlocução entre a comunidade e o poder público.

    Claro que em nenhum lugar do mundo os núcleos comunitários de defesa civil substituem a atuação do poder público. Não é isso. Trabalhar para o desenvolvimento da resiliência local é fundamental, principalmente em cidades que se encontram em condições mais susceptíveis aos desastres.

    Seguindo o exemplo desses países mais desenvolvidos no tema, o núcleo comunitário de defesa civil é uma defesa local, capaz de conhecer os riscos, ajudar a prevenir, preparar os demais moradores e mitigar ações básicas para diminuir a vulnerabilidade. Os moradores têm um papel fundamental nesse processo, pois conhecem o território e toda a história local, podendo contribuir muito em busca de soluções e no entendimento de novos processos, ajudando a salvar vidas.

    Uma capacitação eficiente pode fazer com que a população saiba como atuar em parceria com o poder público, além de entender melhor todos os processos que levam à tomada de decisão.  

    Os núcleos comunitários de defesa civil podem atuar no mapeamento participativo, ajudando na elaboração de rotas de fuga, na identificação de pessoas com dificuldade de locomoção (que necessitam de um apoio especial no momento do desastre), podem ajudar no alerta, na divulgação do alarme e no deslocamento da população local para os pontos de apoio e abrigo. Além disso, podem atuar nos abrigos e pontos de apoio em complementação às ações da defesa civil e em conjunto com a assistência social. É um trabalho muito importante e de reconhecimento da população local da importância deste processo para salvar vidas.

    Em alguns casos mais específicos, Cuba nos mostra que podem fazer bem mais que isso. Com uma grande escassez de recursos e tecnologias provenientes de anos de embargos econômicos, Cuba aprendeu a conviver com desastres tais como tornados e furacões, porém desenvolveu soluções de baixo custo que são extremamente viáveis. Um dos grandes exemplos é a utilização de apitos para avisar da ameaça de desastres. Em Cuba, voluntários percorrem a ilha de bicicleta e vão apitando até as comunidades mais distantes para alarmar sobre a chegada de furacões e tornados. Eles são orientados pela defesa civil local e se deslocam. Como a população já é treinada, todos sabem como agir para se proteger.

    Realmente é muito impressionante o nível de detalhamento e conhecimento da população sobre como agir em situações extremas, mas isso se deve à capacitação permanente.

    É possível traçar protocolos semelhantes, guardadas as proporções e a natureza dos desastres, de forma que a população saiba como agir e possa se proteger ao receber o alerta e, posteriormente, o alarme.

    O mais importante é frisar que as medidas não estruturais são tão importantes quanto as estruturais e salvam vidas! Uma população bem treinada e capacitada para o enfrentamento aos desastres é um dos principais caminhos para uma cidade mais resiliente!

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