• ‘Até Que a Música Pare’ produz emoção suave e sincera

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  • 14/ago 07:01
    Por Luiz Zanin Oricchio, especial para o Estadão / Estadão

    Os longas da Mostra Gaúcha do Festival de Gramado são apresentados às 14 horas no Palácio dos Festivais, tradicionalmente em sessões muito quentes, com grande afluxo de público local. O primeiro concorrente, Até Que a Música Pare, de Cristiane Oliveira, foi recebido com entusiasmo pelo público na segunda, 12. É um filme invulgar, em parte falado em “talian”, mescla de italiano e português, herança dos imigrantes italianos do Vêneto, que vieram em grandes levas para o Rio Grande do Sul nos séculos 19 e 20.

    Chiara (Cibele Tedesco) é a matriarca de origem italiana que passa a acompanhar o marido em suas vendas pela serra gaúcha. A relação é lacônica e, aos poucos, descobrimos que existe um trauma a atormentar a vida do casal. Tudo é exposto em camadas, que se vão desvendando aos poucos, sem pressa, num filme de cadência suave e lenta, muito envolvente.

    Uma alteração no cotidiano é a chegada de uma sobrinha que se casou na Itália com um rapaz versado na crença sobre a reencarnação. Pode ser que um ente querido morto volte na forma de um animal? Mesmo num porco, ou numa tartaruguinha? Tal ideia começa a obcecar Chiara e o marido.

    Enfim, é a história de um trauma familiar contado com muita delicadeza, traços de humor e certo laconismo, típico desses descendentes de imigrantes, que deram um tremendo duro para ganhar a vida e continuam a trabalhar mesmo quando já deveriam estar aposentados.

    O longa foi filmado em municípios gaúchos como Antônio Prado, Nova Roma do Sul, Nova Bassano e Veranópolis. O apuro visual na captação de imagens dessa bela região é outro elemento digno de nota, discreto, sem qualquer esteticismo.

    Até Que a Música Pare é um filme comovente; produz aquele tipo de emoção suave e sincera, como quase não se usa mais no cinema, e no audiovisual de maneira genérica. Quase démodé numa época em que dominam a histeria e a tendência a tudo demonstrar, como se o espectador fosse burro ou insensível para detectar nuances.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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