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  • 11/ago 08:00
    Por Ataualpa A. P. Filho

    A perda do senso crítico é lesiva, pois afeta o pensamento analítico.

    Hoje, pela velocidade, pelo volume de informações, o discernimento é imprescindível. O discernir não é obra do acaso: – como optar entre o sim e o não? O certo e o errado? O bem e o mal? O fazer e o não fazer?…

    As nossas escolhas podem conduzir o itinerário do nosso destino. Precisamos, portanto, conhecer as opções para escolher o melhor caminho, tendo em vista o bem comum. Por isso, é importante estabelecer critérios no direcionamento das nossas ações. Precisamos de referências: a ética serve de base para um comportamento centrado na legitimidade do exercício da cidadania.

    O viver não pode ser conduzido pelo piloto automático. A dialética da vida é que desestrutura as rotinas, por isso, existem as contradições. Riobaldo, narrador personagem do livro “Grande Sertão: Veredas”, obra de Guimarães Rosa, já afirmara: “o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

    Realmente é preciso ter coragem para repensar sem represar as reflexões, sem desprezar os erros que evidenciam, por diversas vias, a nossa efemeridade. O reiniciar, o reaprender fazem parte da caminhada evolutiva. Cada dia é um reinício com oportunidade de construir o novo. O desafio é humildificar-se e reconhecer os próprios erros. Nenhum ser humano é só virtudes. Partindo dessa premissa, não se deve perder a oportunidade de aprimorar-se. Por isso, as reavaliações das nossas atitudes precisam ser contínuas. A constância do processo avaliativo amplia o olhar sobre si e favorece o autoconhecimento.

    – Para que se enganar? Para que fugir de si? Não se deve perder a oportunidade de pro-curar-se…

    Diante do surto de “influenciadores”, que ditam regras de comportamento, que se sentem modelo de competência, que se acham senhores do conhecimento, temos os versos de José Régio em “Cântico Negro”: “não, não vou por aí! Só vou por onde/ me levam meus próprios passos…/ se ao que busco saber nenhum de vós responde/ por que me repetis: ‘vem por aqui?’”

    O ato de questionar o senso comum é uma das formas de romper com o comportamento de manada. Não podemos confundir paralogismo com sofisma. Este é fruto da desonestidade, uma vez que há a intenção de induzir ao erro, ludibriar; aquele consiste no raciocínio errôneo, porém não há má fé, não é produzido com a intencionalidade de enganar.

    A falta de conhecimento, às vezes, conduz a um raciocínio incorreto. A ausência de dados precisos amplia a dúvida no ato de decidir. Por desconhecimento, podemos fazer escolhas equivocadas. Pela natureza humana, somos passivos de erros. No entanto, procurar justificativas para permanecer com as atitudes errôneas e, além de tudo, querer conduzir os outros pelo mesmo caminho, consiste em mau-caratismo, que não se dissocia da desonestidade.

    Hoje, pelas redes sociais, navegam sofismas grotescos. As falácias são produzidas criminosamente para extorquir, equivocar, confundir a opinião pública. Pandemicamente, o vírus da manipulação circula pelas redes sociais. A web virou palanque. É preciso aguçar as atenções para não ser enganado.

    “Fake news” e “pós-verdades” tornaram-se instrumentos de manipulação da opinião pública. Portanto, a bem da verdade e, em legítima defesa, temos que evitar a propagação da mentira: ouvir, checar as fontes e não olvidar. Ficar atento, atar-se ao mastro da Verdade. E, como Ulisses, resistir aos cantos das sereias. Estamos atravessando um período de turbulência política, um período eleitoral em que falsos perfis serão pulverizados sobre a sociedade. As falsas promessas catadoras de votos serão acionadas pela velha expressão: “você me conhece…”

    Certifique-se, porque “nem tudo que se ouve houve”. A falácia é areia movediça, quanto mais se move, mais se afunda. A nossa liberdade vem pelo Caminho da Verdade que está na essência da Vida.

    – A Verdade é que nos libertará…

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