• Velocista afegã pede educação e direitos para as mulheres de seu país após correr em Paris

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  • 02/ago 10:29
    Por Estadão

    Kimia Yousofi, do Afeganistão, terminou a terceira série da rodada preliminar dos 100m rasos da Olimpíada de Paris na nona e última posição, mas ganhou o holofotes com o que fez após os 13s26, o melhor tempo da carreira, em que completou a prova no Stade de France.

    Ela tirou o adesivo que identifica os atletas e mostrou o verso. Nele, apareciam duas palavras manuscritas: “Eduction”, com erro de ortografia, mas provavelmente querendo dizer Educação, e “Our Rights”, Nossos Direitos.

    As mulheres do Afeganistão sofreram muito desde que Taleban assumiu o comando do país em agosto de 2021. Um relatório da ONU de 2023 afirma que o país se tornou o mais repressivo do mundo para mulheres e meninas, que são privadas de praticamente todos os seus direitos básicos.

    “Sinto uma responsabilidade pelas meninas afegãs porque elas não conseguem falar”, disse Yousofi após competir em Paris. “Não sou uma pessoa política, apenas faço o que considero verdade. Posso falar com a mídia. Posso ser a voz das meninas afegãs. Posso dizer o que elas querem, e elas querem direitos básicos, educação e esporte.”

    Antes de Yousofi nascer, os pais dela fugiram do Afeganistão antes da ascensão do Taleban. Ela e seus três irmãos nasceram e foram criados no vizinho Irã. Em 2012, quando tinha 16 anos, Yousofi participou de um evento que procurava talentos entre os imigrantes afegãos que viviam no Irã. Mais tarde, ela voltou ao Afeganistão para treinar e ter a chance de representar o país na Olimpíada. Sua estreia aconteceu nos Jogos de Tóquio, em 2021.

    Depois que o Taleban assumiu novamente o controle de seu país, ela se mudou para a Austrália com a ajuda de autoridades locais e do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ela está morando em Sydney, e quase certamente teria conquistado um lugar na equipe olímpica dos refugiados, projetada para atletas deslocados como ela.

    Mas ela queria representar o Afeganistão, na esperança de que sua participação ajude a divulgar a forma como as mulheres são tratadas em seu país. “Esta é a minha bandeira. Este é o meu país. E esta é a minha terra”.

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