À espera da tocha olímpica, Sr. Nonô segue correndo todos os dias
Com uma vida dedicada ao esporte, o atleta veterano Claudionor Xavier de Mattos espalha alegria por onde passa. O famosíssimo seu Nonô vive a expectativa de ser um dos condutores da tocha olímpica, que vai passar por Petrópolis no dia 29 de julho, data que, aliás, completará 81 anos de vida. O mais famoso corredor de rua da cidade tem uma história que começou no interior do Espírito Santo e que serve como exemplo para qualquer idade.
Escolhido pelos patrocinadores após sugestões enviadas por amigos e admiradores aos patrocinadores dos Jogos Olímpicos de 2016, Seu Nonô recebeu a notícia de que seria um dos condutores da tocha através de um e-mail justamente no dia 16 de março, dia de aniversário da cidade que escolheu para viver. Quando leu, ficou tão emocionado que começou a imaginar como serão os 300 metros em que vai segurar a chama olímpica. “Será uma emoção que imagino ser uma das maiores da minha vida”, brincou o experiente corredor.
Pai de três filhos e avô de quatro netos, o quarto condutor conhecido até agora (os demais são Pedro de Orleans e Bragança, Dom Gregório e Henrique Viana) considera o esporte que pratica há 33 anos uma forma não apenas de ter uma boa saúde, mas de conhecer amigos. É assim que leva a sua vida. Morador da Castelânea, segue uma rotina extremamente saudável, pois quando não está treinando pela manhã pratica musculação em uma academia do Centro.
Atualmente, em sua página do Facebook, possui mais de 3.600 seguidores – os quais considera seus amigos. Um deles, inclusive, é de Portugal e que o recebeu com a esposa Vera Bull, outra corredora de rua petropolitana em uma viagem neste ano que realizou ao país europeu. Como não podia deixar de ser, nesse passeio aproveitou para correr a Meia-maratona de Lisboa. Antes de sua viagem, porém, disputou a Meia-maratona Cidade Imperial, completando o percurso que saiu do 32º BIL (Batalhão de Infantaria Leve) até o Parque Municipal de Itaipava.
Anteontem, a Câmara Municipal reconheceu sua importância em Petrópolis ao conceder um título de Cidadão Petropolitano. Feliz com a homenagem, a sua atenção se volta para daqui a dois meses, quando a tocha passará pelo município. Enquanto isso, se programa para disputar as provas de rua em Petrópolis e em cidades vizinhas, uma rotina a qual não pensa em abandonar tão cedo, pelo simples fato que o esporte lhe dá um prazer que apenas quem se dedica a ele tanto tempo como ele pode sentir e falar.
Dos campos de terra à corrida de rua, a trajetória do “mito”
Nascido na pequena cidade de Ponte do Itabapoana, Espírito Santo, seu Nonô conheceu bem as dificuldades da vida. Filho de uma família que tinha sete irmãos, ele próprio recorda que seu pai tinha muitas dificuldades econômicas para sustentar todos e, por isso, ainda passou por Alegre e Iguaçuí. Os problemas permaneceram até que, de uma vez por todas, se mudou para a Baixada Fluminense quando tinha apenas 10 anos.
No entanto, seu Nonô jogava bola desde pequenininho e quando se mudou para Duque de Caxias, jogou por alguns times de pelada, entre eles a Associação Atlética Piauí, do distrito industrial Xerém. O então meio-campista que torce pelo Vasco da Gama – ainda novo – veio tentar a sorte em Petrópolis no ano de 1962, quando trabalhou e – como de hábito – praticando o esporte. Foi um jogo de pelada, realizada num campinho no bairro Cremerie, que acabou conhecendo aquela com quem é casado há 52 anos.
Aos 47 anos, percebeu que havia chegado a hora de pendurar as chuteiras. Mas não do esporte por completo. Desde então, há mais de três décadas escolheu a corrida de rua como a modalidade favorita, sua paixão e um meio, como ele mesmo disse, “um caminho para fazer muitos amigos”. Orgulha se em dizer que fez dezenas de maratonas – a primeira foi completada em 1985, no Rio de Janeiro -, mas com o passar dos anos resolveu se poupar mais fisicamente, passando assim para as meia-maratonas.
Mas afinal, qual o segredo de uma vida longeva. Seu Nonô afirma não ter uma receita pronta. Apenas segue uma rotina de vida que é a de acordar cedo, ter amizades, não beber e fumar além de treinar regularmente. Ele chega aos 82 anos no dia 29 de julho esbanjando saúde, alegria e servindo como uma referência para os que sonham em ser um atleta de primeira, campeão da vida e medalhista do coração. “Não tem muito mistério. Tenho uma vida regrada, não bebo, não fumo e faço esporte. Mais do que isso, é importante valorizar a alegria, a amizade e disso tenho muito orgulho”, finalizou o veterano atleta.