• Banco de Alimentos pode ajudar a combater o desperdício

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  • 24/06/2019 10:17

    O desperdício de comida é um dos agravantes da fome no mundo. Uma família brasileira composta por três pessoas, em um ano, desperdiça mais de R$ 1.002,00, valor superior ao salário mínimo nacional. Em Petrópolis, existem dois projetos que visam a redução do desperdício de alimentos na cidade, o Banco de Alimentos e o Da Roça ao Prato – Sem Desperdício. 

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    Uma pesquisa feita pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que as famílias brasileiras desperdiçam, em média, 353 gramas de comida por dia ou 128,8 kg por ano, enquanto 13 milhões de pessoas ainda passam fome no Brasil. Este volume é superior à maioria de todos os países anteriormente pesquisados na Europa e posiciona o Brasil como um dos países que mais desperdiçam comida no mundo, perfil normalmente associado a países mais desenvolvidos.

    “Projetos de conscientização são de suma importância. É dando pequenos passos que começaremos a diminuir o desperdício de alimentos e a mudar esse quadro é essencial”, afirma a engenheira de alimentos Karine Charão, especialista em qualidade e segurança dos alimentos. 

    O ranking dos alimentos mais desperdiçados mostra arroz (22%), carne bovina (20%), feijão (16%) e frango (15%) com os maiores percentuais relativos ao total desperdiçado pela amostra pesquisada. Hortaliças (4%) e frutas (4%) são desperdiçados em menor quantidade relativa ao volume total. 

    Segundo o Departamento de Agricultura da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, aproximadamente uma tonelada de alimentos é descartada semanalmente nas 14 feiras realizadas na cidade (centro e bairros). A quantidade, no entanto, é variável e depende de fatores como por exemplo as condições do tempo e quantidade de compradores nas feiras. Com relação a todo o município, a estimativa é de que sejam descartados, por mês, 10 toneladas de alimentos.

    Karine ressalta a importância de conscientizar a sociedade, mostrando o que é o desperdício e como evitá-lo. “O desperdício é o descarte intencional de alimentos que ainda estão próprios para consumo. Combatê-lo é uma questão social. A gente vê pessoas remexendo no lixo para pegar produtos que foram descartados, enquanto há pessoas rejeitando um alimento por questão estética. Uma cenoura torta, uma batata pequena e o alimento é deixado de lado”, disse ela que atuou como coordenadora técnica no Banco de Alimentos de Niterói e por sete como coordenadora de qualidade em um supermercado petropolitano.

    “O brasileiro tem muito essa cultura de que é melhor sobrar do que faltar. Um consumo consciente traz benefícios para o meio ambiente e para o bolso. A conscientização do consumidor sobre a participação dele na rota do desperdício de alimentos e incentivo a adoção de práticas de aproveitamento integral dos alimentos”, continuou Karine.

    Prefeitura tem projeto para criar Banco de Alimentos

    Através do Departamento de Agricultura da Secretaria de Desenvolvimento Econômico está sendo estruturado um Banco de Alimentos para que haja o reaproveitamento de frutas e legumes não comercializados que podem estar comprometidas visualmente, mas que ainda mantêm as propriedades nutricionais e podem ser consumidos.

    A ideia é que os alimentos descartados nas feiras sejam encaminhados para o Banco de Alimentos onde serão separados, processados e embalados para posterior doação para instituições como orfanatos e asilos. A intenção é de que o projeto-piloto seja iniciado em um bairro da cidade ainda este ano. Para isso, a Prefeitura pretende fechar um acordo com uma universidade local para que estagiários de nutrição acompanhem todas as etapas de processamento dos alimentos. Outra inciativa é a Campanha da Roça ao Prato – Sem Desperdício, iniciada no ano passado pelo Instituto AgroSerra. O projeto se deu em parceria com a Diretoria de Agricultura de Petrópolis, Conselho Municipal de Segurança Alimentar (COMSEA), Associação de Feirantes de Petrópolis e Emater.

    O objetivo é promover a conscientização do consumo e da produção de alimentos, contribuindo assim, com o objetivo número 12 da agenda das Organizações das Nações Unidos (ONU) para desenvolvimento sustentável que visa reduzir pela metade, até 2030, o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos nas outras etapas da cadeia agroalimentar.
    “A meta da ONU é audaciosa, mas a gente precisa perseguir. O não desperdício está diretamente ligado ao consumo, então quanto mais você for consciente no seu consumo, seja de recursos naturais, seja de alimentos, o resultado final vai ser bem melhor do que o cenário que temos hoje. Queremos disseminar a cultura do não desperdício não só de alimentos, mas dos recursos naturais, como água e energia elétrica.”, contou a presidente do Instituto, Janice Caetano.
    O AgroSerra ainda estrutura seus projetos, no momento, está sendo divulgado vídeos nas redes sociais sobre o assunto para formar uma mentalidade de consumo consciente, de não desperdício e reaproveitamento, mas o objetivo é realizar oficinas, workshops e palestras, principalmente, em eventos gastronômicos. 

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