• Ipea mantém a projeção de crescimento de 2,2% do PIB em 2024

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  • 04/jul 13:07
    Por Daniela Amorim / Estadão

    O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira, 4, uma revisão na projeção de crescimento da atividade econômica no ano que vem, em função, principalmente, da interrupção no ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O instituto manteve a estimativa de crescimento de 2,2% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024. Para 2025, a projeção de expansão no PIB foi reduzida de 2,5% para 2,3%.

    Para o segundo trimestre de 2024, a previsão é de uma alta de 0,5% na comparação com o primeiro trimestre deste ano. Em relação ao segundo trimestre de 2023, é esperada alta de 1,3% no segundo trimestre deste ano.

    “A manutenção do bom desempenho dos indicadores de mercado de trabalho, refletidos em aumentos tanto na população ocupada quanto nos rendimentos do trabalho, deve seguir estimulando a demanda por bens e serviços. O crescimento da demanda tem sido um dos responsáveis pelo início de recuperação verificado na indústria de transformação, com destaque para a produção de bens de capital e de bens duráveis. Como consequência, além do bom desempenho da produção interna, as importações seguem registrando expansão”, aponta o Ipea.

    Na direção oposta, deve pesar negativamente a manutenção do juro em patamar mais elevado, além da perda de fôlego das exportações e as enchentes no Rio Grande do Sul.

    “Já as exportações, com importante contribuição para o crescimento do PIB em 2023, têm apresentado desaceleração. Ademais, alguns fatores aumentaram a incerteza do cenário macroeconômico, como o choque de oferta provocado pelo desastre climático que atingiu o Rio Grande do Sul e a interrupção recente do ciclo de flexibilização da política monetária”, completou o Ipea.

    Segundo os pesquisadores, ainda há incertezas decisivas sobre o impacto na atividade econômica nacional do desastre climático que afetou o Rio Grande do Sul.

    “De um lado, restam poucas dúvidas de que a destruição do estoque de capital e a disrupção da atividade econômica no estado foram muito acentuadas. De outro, mesmo com as enchentes, o desempenho do PIB agropecuário do Rio Grande do Sul em 2024 deverá ser bem superior ao verificado no ano passado – posto que grande parte da safra de 2024 já tinha sido colhida antes das enchentes e que a produção do estado foi prejudicada por dificuldades climáticas em 2023 -, e o pacote de ajuda governamental, cujos contornos precisos ainda estão sendo discutidos no Congresso Nacional, deverá ser muito significativo”, apontou o instituto na Visão Geral da Conjuntura, publicada nesta quinta-feira, 4, pelo Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea.

    Os técnicos defendem que “há menos dúvidas” sobre o efeito negativo da interrupção do ciclo de cortes da taxa Selic.

    “Mas, como aponta o próprio comunicado do Copom do dia 19 de junho, tal pausa é em grande medida reflexo do ‘maior dinamismo do que o esperado’ apresentado pelos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho em tempos recentes – ou seja, em 2024 a economia provavelmente cresceria mais do que o previamente projetado caso os juros continuassem em queda. Diante disto, por ora mantemos nossa projeção de crescimento de 2,2% no PIB em 2024. É justo notar, entretanto, que em prazo mais longo os juros elevados deverão contribuir para um desempenho menos vigoroso da economia, de modo que nossa projeção de crescimento do PIB em 2025 foi reduzida de 2,5% para 2,3%”, justificou o Ipea.

    O choque de oferta provocado pelas enchentes no Sul deve impactar negativamente o setor manufatureiro brasileiro no segundo trimestre de 2024, fazendo o PIB industrial crescer a um ritmo médio menos acelerado, dizem os especialistas. O Ipea estima que o PIB industrial acumule altas de 1,8% em 2024 e de 2,1% em 2025.

    Ainda sob a ótica da oferta, a estimativa para o PIB agropecuário é de um aumento de 0,3% em 2024, seguido por elevação de 2,5% em 2025. Para o PIB de Serviços, o Ipea espera alta de 2,5% em 2024, e avanço de 2,3% em 2025.

    Pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceria 2,9% em 2024 e 2,4% em 2025. O Consumo do governo aumentaria 1,8% em 2024 e também 1,8% em 2025.

    A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) engataria uma alta de 4,3% em 2024, seguida de avanço de 3,5% em 2025. As exportações crescem 4,4% em 2024, seguidas de aumento de 3,9% em 2025. As importações aumentariam 7,9% em 2024, seguidas de expansão de 4,1% em 2025.

    As projeções do Ipea contabilizam ainda uma taxa Selic encerrando o ano de 2024 em 10,50%, descendo a 9,25% ao fim de 2025. A taxa de câmbio (R$/US$) encerraria 2024 em R$ 5,25, recuando a R$ 5,10 ao fim de 2025. O Ipea manteve em 4,0% a projeção de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024.

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