• Paula Fernandes: ‘A sensualidade está ligada à libertação’

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  • 14/jun 10:10
    Por Damy Coelho / Estadão

    “Estou como uma legítima trabalhadora de home office, usando blazer e pijamas”, brinca Paula Fernandes ao surgir na câmera durante a coletiva online o novo EP, Qual Amor Te Faz Feliz?, lançado nesta quinta, 13.

    A cantora parece mais segura. Assume a sensualidade desde o início da carreira atribuída a ela -naquela época, contra sua vontade. Ela ainda evitava a imprensa, diziam.

    Hoje, quer passar por cima desses estigmas. Na entrevista, sorri constantemente, não foge das perguntas e assume tratar o novo EP como um reflexo da “fase empoderada”.

    No primeiro single do novo EP, Anota Aí, Paula canta sobre fazer falta na vida de um antigo amor. A superação diante de uma desilusão amorosa ganhou força no feminejo de nomes como Marília Mendonça, e também reflete no atual momento da cantora.

    Nova era

    A nova vida de solteira foi inspiradora: “Estou descobrindo o prazer de ter amor-próprio. É base pra tudo que estou fazendo – até das fotos sensuais”. Ela se refere às fotos mais “ousadas” publicadas em suas redes na última semana, incomuns para quem a acompanha.

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    Preconceitos do sertanejo

    Em 2009, quando Paula Fernandes emplacou o primeiro hit nacional, Pássaro de Fogo, aos 24 anos (ela começou a cantar aos 9), era a única representante feminina do sertanejo entre as mais tocadas nas rádios. “Entrei num mercado dominado por duplas masculinas, num sistema todo preparado para homens”, diz.

    Apesar dos avanços, diz que o cenário ainda é desfavorável às mulheres – facilmente perceptível no line up das maiores festas do gênero no País. “Sinto falta de ver uns rostinhos femininos pelos outdoors de shows que vejo por aí. É só aquela fileeeira de homem” E provoca: “Aviso aos empresários: contratem mais mulheres!”.

    Para ela, a dificuldade de renovação é reflexo cultural do próprio gênero. “O sertanejo, por si só, já teve uma penetração difícil em outros estados. E, como era predominantemente masculino, foi ainda mais difícil para nós”. Sentia-se estranha por ser uma voz única, artista solo, em um gênero consagrado por duplas – Leonardo e Daniel, por exemplo, passaram a cantar solo após a morte de seus companheiros, Leandro e João Paulo, assim como aconteceu com algumas duplas caipiras.

    Quando surgiu, o sertanejo universitário dominava as paradas. Com canções românticas e bucólicas, Paula era um fenômeno fora da curva.

    Desde então, vem lidando com a fama como pode. Do melhor jeito possível, claro. No fim da coletiva, revela arrepender por ter se calado enquanto especulavam sobre sua vida: “Quando minha carreira explodiu, tive de amadurecer rápido. Se eu tivesse rede social naquela época, não teria me calado para críticas e fake news. Teria coragem de olhar pra câmera e dizer ‘eu não sou essa pessoa”.

    E como é Paula Fernandes? “Eu sou discreta, introspectiva. Como pelas beiradas, como todo mineiro”, diz. Na nova era da carreira, quer tomar as rédeas da própria imagem.

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