• Dúvida sobre ‘harmonia’ entre políticas fiscal e monetária é risco, diz BC

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  • 11/jun 07:37
    Por Cícero Cotrim e Marianna Gualter / Estadão

    O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira, 10, que a dúvida sobre a capacidade de harmonizar as políticas monetária e fiscal no Brasil é o principal risco percebido no País no curto prazo. No longo prazo, ele mencionou a dificuldade de aumentar a produtividade.

    “A maior percepção de risco no Brasil está relacionada à capacidade de chegar a um sistema em que haja harmonia nas políticas fiscal e monetária, é nisso que as pessoas se concentram no curto prazo”, disse ele, durante webinar organizado pela Constellation Asset.

    No longo prazo, ele mencionou uma dificuldade de aumentar a produtividade do País. “Nós focamos muito no curto prazo”, afirmou. Ele avaliou que o desemprego baixo do Brasil pode ser consequência dos efeitos da reforma trabalhista.

    Inflação

    O presidente do BC também afirmou que a mudança da classificação das expectativas de inflação de “reancoragem parcial” para “desancoradas” (ou seja, estão longe das metas que devem ser seguidas pelo BC) foi um dos pontos para a redução do ritmo de cortes da taxa Selic. Apesar disso, Campos Neto frisou que os números recentes de inflação vieram um pouco melhores na margem. “Especialmente a inflação de serviços relacionada a áreas de trabalho intensivo.”

    A autoridade monetária, disse ele, está fazendo um trabalho detalhado de observar o comportamento de serviços para verificar se está ocorrendo uma correlação entre a intensidade do mercado de trabalho e os preços, mas por enquanto isso não foi verificado.

    Sugestões

    No mesmo evento, Campos Neto listou três sugestões que deixaria para seu substituto na presidência do BC, a partir de 2025. Ele aconselhou o próximo chefe da autarquia a preservar ao máximo a sua independência, a tentar garantir que a comunicação do BC não cause ruídos e a continuar investindo na agenda de tecnologia.

    “Sempre há um desafio. É uma linha muito tênue, porque às vezes você é próximo de forma a ir para as reuniões e falar com o governo, mas isso só é bom se você tiver independência para tomar uma decisão. E, às vezes, não será o que o governo quer.”

    O presidente do BC repetiu que é importante poder dizer “não” ao governo. Ele também defendeu que o próximo presidente do BC deve dar atenção à comunicação. “Precisa ter um processo em que você seja transparente, as pessoas entendam o processo e você possa comunicar as coisas de forma a reduzir o ruído o máximo possível.”

    Campos Neto também afirmou que é necessário continuar investindo na agenda de tecnologia. Segundo ele, o que foi feito até aqui foi apenas a “ponta do iceberg”. “A tecnologia é uma forma mais barata de promover inclusão e melhorar o mercado financeiro.”

    Ele salientou o desempenho do Pix, classificado por ele como o “sistema de pagamento de maior sucesso globalmente”. Campos Neto citou que a ferramenta incluiu sete milhões de pessoas na bancarização.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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