• Há dúvidas relevantes sobre consistência do arcabouço ao longo do tempo, diz Campos Neto

  • 07/jun 13:21
    Por Amanda Pupo e Cícero Cotrim / Estadão

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a falar que a desindexação do Orçamento federal seria um passo importante, com choques positivos no contexto do futuro do arcabouço fiscal. Campos Neto citou a discussão ao mencionar que existe um “grande questionamento” do mercado sobre a consistência das novas regras fiscais ao longo do tempo.

    “Temos falado bastante, o governo fez esforço enorme com arcabouço, passou várias medidas no Congresso. Existe um questionamento grande sobre a consistência ao longo do tempo do arcabouço criado. Vi recentemente o governo falando em tentar endereçar essas inconsistências – por exemplo (mudar) a vinculação de saúde e educação, indexação do salário mínimo – com bons olhos, seria um choque positivo importante se pudesse ser feito”, repetiu Campos Neto, que participou nesta sexta-feira de evento da Monte Bravo Corretora, em São Paulo

    O banqueiro central também lembrou que os questionários pré-Copom mostraram uma piora da percepção dos agentes sobre a situação fiscal, embora a piora numérica na Focus tenha sido pequena.

    “O que os agentes econômicos fazem é tentar estimar como vai ser essa convergência dessa dívida para frente. Quando se olha os questionários, apesar de não ter visto piora numérica no Focus, teve até uma pequena, 79% dos agentes acham que a situação fiscal piorou. Então imagina que isso pode ter explicado parte desse aumento do prêmio de risco na parte longa”, disse ele.

    Campos Neto ainda comentou sobre a taxa de juros real, que é classificada por muitos no Brasil como muito alta, mas observou que o Brasil tem melhorado sua posição na comparação com outros ciclos econômicos, reduzindo a posição em relação a outros países.

    Ele defendeu também que é importante pensar no esforço monetário – traduzido pela diferença entre a taxa de juros real e a taxa de juros real neutra. “Quando se faz essa comparação, vemos que o Brasil não está na ponta de cima, está mais na ponta de baixo”, disse.

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