• Temor com juros dos EUA e com fiscal local, além de queda do minério, derrubam o Ibovespa

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  • 23/maio 11:45
    Por Maria Regina Silva / Estadão

    Em queda praticamente desde a abertura, o Ibovespa aprofundou o movimento, e perdeu o nível dos 125 mil pontos da abertura no fim da manhã desta quinta-feira, 23. Além da piora de alguns índices das bolsas norte-americanas, pesa o recuo considerável das ações de empresas ligadas ao minério de ferro, que caiu hoje cerca de 1,00% em Dalian, na China, e de grandes bancos.

    Segue ecoando nos mercados a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) não cortará juros neste ano – no máximo, só uma única vez, ou até mesmo promover alta. Além do tom duro da ata do Fed, divulgada na quarta, nesta quinta saíram dados de atividade fortes dos EUA reforçando cautela em relação à política monetária do país.

    O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos Estados Unidos, que engloba os setores industrial e de serviços, subiu a 54,4 em maio, atingindo o maior nível em 25 meses, segundo dados preliminares divulgados hoje pela S&P Global. O resultado surpreendeu analistas, que previam leve recuo do PMI composto a 51,2.

    Aqui, as questões que incomodam os investidores são as mesmas, ressalta, Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, ao referir-se sobretudo ao âmbito fiscal, depois que ontem o governo piorou a projeção para o rombo nas contas públicas deste ano.

    “Os ruídos internos elevam as incertezas. Mesmo que a projeção do governo tenha sido mantida no intervalo da meta de déficit zero, há dúvidas se não estaria subestimando algumas despesas. Pode ser que tenha de mexer na meta, que tenha de reduzi-la”, avalia Costa.

    A nova cifra, de déficit primário de R$ 14,5 bilhões que consta do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias referente ao segundo bimestre, representa uma piora em relação ao documento do primeiro bimestre, quando o governo estimou um saldo negativo de R$ 9,3 bilhões. Apesar disso, o resultado projetado para 2024 ainda segue no intervalo da meta de déficit zero.

    Em meio a temores locais e após a ata do Fed, ontem o Ibovespa encerrou com queda de 1,38%, a 125.650,03 pontos, no menor nível de desde 25 de abril. Foi a quarta retração seguida do Índice Bovespa.

    Na quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou a meta de inflação de 3% este ano como “exigentíssima” para as condições do País, o que foi interpretado pelo mercado como uma indicação de alteração no alvo.

    “A ata do Fed sinalizou que pode haver aumento de juros em caso de inflação resiliente. Mas o que pegou mais foi o interno, com o Haddad falando que a meta de inflação é inimaginável e o governo subiu a projeção de déficit primário”, explica Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

    Segundo o economista-chefe da Monte Bravo, sempre fica a duvida quanto à capacidade de o governo brasileiro em cumprir o déficit primário projetado para 2024. “Provavelmente, mais para a virada do semestre, assuma que não conseguirá alcançar a meta”, analisa.

    Ao mesmo tempo, o investidor monitora a participação do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, em evento. Ele defendeu que o compromisso em trazer a inflação à meta é chave para ancorar as expectativas.

    Em dia de agenda de indicadores esvaziada no Brasil, o noticiário corporativo doméstico fica no foco. Ontem, o Comitê de Pessoas do conselho de administração da Petrobras aprovou a indicação da Magda Chambriard para os cargos de conselheira de administração e de presidente da companhia.

    Além disso, ontem o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que a projeção de receitas do governo no novo relatório bimestral considera que a Petrobras vai distribuir 100% dos dividendos extraordinários, o que vai gerar R$ 13 bilhões para o caixa da União em 2024. Até o momento, o conselho de administração da empresa só liberou metade dos dividendos extra.

    Outro ação de peso no Ibovespa que fica no foco é Vale, diante da informação de que a Anglo American estendeu até o próximo dia 29 o prazo para que a concorrente BHP anuncie uma firme intenção de fazer uma oferta pela companhia ou dizer que desiste do negócio.

    Às 11h39, o Ibovespa caía 0,74%, aos 124.719,24 pontos, ante recuo de 0,86%, na mínima aos 124.573,91 pontos, depois de máxima aos 125.664,46 pontos, com alta de 0,01%. Vale perdia 0,76% e entre os grandes bancos o maior recuo era Bradesco PN (-1,53%). Petrobrás PN subia 0,35%, mas ON passou a cair (-0,13%).

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