• Putin e xi se reúnem na China e reforçam ‘aliança sem limites’

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  • 16/maio 07:30
    Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, iniciou uma viagem oficial de dois dias à China. A visita marca um aprofundamento da relação entre os dois países, já classificada por Putin e pelo líder chinês, Xi Jinping, como “uma aliança sem limites”. O objetivo é consolidar os esforços conjuntos para enfrentar a ordem global liderada pelos EUA.

    A viagem ocorre pouco mais de uma semana após a visita de Xi à Europa, a primeira em cinco anos, na qual o líder chinês recusou-se a usar sua influência para pressionar Moscou a encerrar a guerra contra a Ucrânia. Além de fornecer apoio diplomático, a China tornou-se uma linha vital para a economia russa, à medida que Moscou lida com sanções ocidentais.

    Xi e Putin compartilham a visão de uma ordem mundial multipolar, na qual países liderados pela China e Rússia podem operar por um conjunto de regras diferentes das estabelecidas pelos EUA e por outras democracias liberais.

    Aliança

    “Rússia e China vão concentrar suas narrativas nas falhas do Ocidente e, em particular, dos EUA, mesmo que não sejam nomeados diretamente”, disse Meia Nouwens, pesquisadora de política de segurança e defesa chinesa do International Institute for Strategic Studies, centro de estudos com sede em Londres.

    “Logo após a visita de Xi à Europa, a viagem de Putin sinaliza que Pequim não mudou sua visão sobre seu relacionamento bilateral com a Rússia, apesar dos apelos dos europeus para que a China interrompa seu apoio à economia de guerra e à indústria de defesa russa”, disse Nouwens. Putin fica na China até amanhã e visitará Pequim e Harbin, perto da fronteira russa.

    O encontro entre Xi e Putin será o primeiro desde a viagem do líder chinês ao Kremlin, em março do ano passado, quando os dois juraram aprofundar a cooperação política e econômica. Os dois também se encontraram em outubro, quando o presidente russo viajou a Pequim para celebrar os 10 anos da Iniciativa Cinturão e Rota, conhecida como “a nova rota da seda”, o principal projeto estrangeiro e econômico de Xi.

    A importância da China para a Rússia cresceu exponencialmente desde a invasão russa à Ucrânia, em 2022. A China tem atuado como compradora de energia russa, fonte de componentes que podem ser usados na produção militar e parceira diplomática, fornecendo apoio tácito para uma guerra que matou centenas de milhares de civis e soldados.

    Reconfiguração

    Putin e Xi compartilham uma causa comum em seu objetivo de reconfigurar o poder global e acabar com a dominação dos EUA nos assuntos mundiais. Embora a China tenha divulgado um plano de paz vago e pedido o fim da guerra na Ucrânia, não expressou críticas fortes à invasão não provocada da Rússia e à apreensão de território – ambas claras violações da Carta da ONU.

    “À medida que a Rússia lança novas ofensivas militares na Ucrânia, ela busca estabilizar as relações do país com a China, incluindo comércio e energia”, disse Zhao Minghao, professor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Fudan, em Xangai. “Para Putin, enfrentando pressão dos EUA e países ocidentais, ele deve garantir essa parceria estratégica com a China”, disse Zhao, acrescentando que a parceria é igualmente crucial para a China.

    Alexander Gabuev, analista de Rússia e China do Carnegie Russia Eurasia Center, disse que Moscou agora avalia todos os seus laços externos com base na guerra e no benefício de qualquer relação dada sua posição cada vez mais hostil em relação ao Ocidente.

    “Putin agora avalia cada relação por três vias: se essa relação pode ajudar no campo de batalha; se pode ajudar a sustentar a economia russa; e se pode ajudar Moscou a se contrapor ao Ocidente e punir os EUA e seus aliados por apoiarem Kiev”, disse. A China, observou, preenche todos os três requisitos para a Rússia.

    Receitas

    O comércio da China com a Rússia atingiu um recorde de US$ 240 bilhões em 2023 – um aumento de 63% em relação a 2021, antes da invasão, alcançando a meta planejada para 2024. Nesse tempo, as exportações de eletrônicos chineses, necessários para a produção de sistemas de armas guiadas com precisão, tiveram aumento significativo, mostram dados da alfândega chinesa.

    Mas os fluxos comerciais aumentaram em ambas as direções. A Rússia se tornou, no ano passado, o maior fornecedor de petróleo da China – Pequim aproveitou seus preços com desconto. As sanções ocidentais significam que a Rússia tem relativamente poucos grandes clientes restantes.

    Xi, por sua vez, quer Putin como um aliado no confronto contra o domínio hegemônico dos EUA e do Ocidente. Em um artigo publicado em um jornal russo, na segunda-feira, Xi disse que China e Rússia precisam cooperar para superar os desafios à sua segurança, incluindo “atos prejudiciais de hegemonia, dominação e intimidação”. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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