• Prateleiras esvaziam em mercados do RS, mas associações não veem risco de desabastecimento

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  • 05/maio 21:29
    Por Luis Filipe Santos / Estadão

    As chuvas no Rio Grande do Sul levaram a uma corrida para a compra de itens essenciais como papel higiênico e água, assim como a busca por combustíveis para reabastecer veículos. Embora admitam uma certa dificuldade em repor produtos em todas as regiões, entidades que representam as empresas avaliam que não há desabastecimento.

    O auxiliar de escritório Gabriel Maia, de 20 anos, relatou ter se surpreendido com o tamanho das filas e a ausência de alguns produtos ao ir ao supermercado na última sexta-feira, 3, à noite. “As filas chegavam na metade do corredor, que é bem grande e ‘fundo’. O que eu mais vi estocarem foi água, mas me impressionou a limpa que fizeram em pães, não tinha mais nenhum pão de forma nas prateleiras do mercado, e alguns alimentos não perecíveis. Tinha pouquíssimo macarrão também, assim como arroz e outros itens do tipo”, conta Maia, morador de Porto Alegre.

    “Eu entendo que muita gente fique assustada com uma calamidade desse nível, mas é claro que muita gente que realiza essa estocagem desenfreada não tem necessidade de chegar nesse ponto”, reflete o jovem. Ele relata que ouviu amigos contarem que estão estocando também itens como papel higiênico, e diz que não teme um desabastecimento completo.

    Ao Estadão, a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) afirmou que não há falta de alimentos. A entidade relata que a reposição não está completamente normal devido a problemas no transporte e a alguns locais estarem ilhados ou lojas estarem inundadas, mas que ocorre “a contento”, em níveis adequados e capazes de garantir a presença dos produtos.

    A rede de supermercados Zaffari, uma das principais do Estado, também negou falta de abastecimento, embora “rupturas eventuais” possam acontecer e ser rapidamente solucionadas, e que a grande maioria dos produtos em falta possui itens semelhantes substitutivos dentro das próprias lojas.

    De forma parecida, o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro), João Carlos Dal’Acqua, relata “desequilíbrios”, mas nega desabastecimento. “Em alguns locais, há um consumo mais excessivo, com filas nos postos que atraem mais gente, mas as distribuidoras estão fazendo sua parte, não existe falta de produto nas bases”, informa.

    Segundo Dal’Acqua, há dificuldades, e por vezes a ansiedade da população pode fazer com que um posto “seque”, mas outro próximo deve seguir atendendo os consumidores. O presidente do Sulpetro relata que medidas como diminuir temporariamente a quantidade de biocombustível adicionado na gasolina ajudam, assim como o esforço por buscar rotas seguras para atender a capilaridade do setor.

    O governo gaúcho lançou uma campanha em parceria com o Sulpetro para garantir que os veículos oficiais tenham prioridade na hora de reabastecer. O Estadão entrou em contato com o governo estadual e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para questionar sobre a situação, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

    A situação é mais grave no fornecimento de água e energia elétrica. No último boletim, o governo gaúcho informou que há 418,2 mil pontos sem energia e 1,06 milhão de imóveis sem água. O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, pediu no sábado, 4, que as pessoas economizem água porque das seis estações de tratamento de água da cidade, quatro estão com as operações suspensas.

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