• Mais da metade dos crimes contra mulheres em Petrópolis acontece dentro de casa

  • 29/04/2019 11:15

    O lar que deveria ser um ambiente seguro, principalmente, para mulheres e crianças, é o lugar onde mais acontecem os crimes de violência contra as mulheres. Em Petrópolis, 52,7% dos crimes registrados no ano passado nas duas delegacias (105 ª DP e 106 ª DP) aconteceu dentro da casa das vítimas. A maior parte destes crimes foi cometido por companheiros, ex-companheiros e parentes das vítimas. Os dados divulgados ontem, no Dossiê Mulher, do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), trazem dados alarmantes sobre os casos registrados no município.

    Veja também: Mais de 4.500 mulheres foram vítimas de estupro no Rio em 2018

    Dos 2.677 delitos registrados das delegacias de Polícia Civil no município, 35,5% são referente violência psicológica. Os crimes de ameça (931) e injúria (503) foram os que tiveram maior número de registros. Destes, mais de 50% dos registros são de mulheres na faixa etária de 30 a 59 anos, a violência psicológica aconteceu dentro das residências, totalizando 54,1% dos locais onde foram cometidos os crimes de injúria e 51,7% dos crimes de ameaça. Pouco mais de 40% destes crimes foi cometido por companheiros e ex-companheiros.

    De acordo com o Dossiê, a violência psicológica é a forma mais subjetiva da violência contra a mulher, por ser de difícil identificação é largamente negligenciada. Até mesmo quem sofre este tipo de violência demora, ou não consegue denunciá-la. A violência psicológica costuma proceder outros tipos de violência, pelo efeito paralisador sobre a vítima, como a ponta o Dossiê. Isto leva ao segundo dado que chama a atenção nas estatísticas. A violência física representa 33,2% dos delitos registrados pela Polícia Civil.

    Em 2018, foram 861 registros deste tipo de crime. A maior parte das vítimas estão na faixa etária de 30 a 59 anos (48%) e sem seguida, as mulheres de 18 a 29 anos (38,1%). Deste total, 60,2% estão dentro da aplicabilidade da Lei Maria da Penha (lei nº 11.340/05). No método empregado, 98,3% são por agressão física. Além da maior parte do local dos crimes ser o ambiente doméstico, estes crimes acontecem principalmente nos fins de semana. Dos crimes de violência física e psicológica os registros indicam que as agressões acontecem sábados e domingos, no começo da noite. Pelo menos, 48% das vítimas foram agredidas por companheiros e ex-companheiros.

    Os dados seguem o quadro geral do estado. Em 2018, 22.175 mulheres registraram ter sofrido lesão corporal praticada por companheiro ou ex-companheiro no estado do Rio. Segundo o Dossiê, o dado aponta que, por dia, pelo menos 60 mulheres foram agredidas por seus parceiros íntimos em 2018.

    Em relação a violência sexual, os dados não só alertam, mas assustam. Dos 118 casos registrados pela Polícia Civil, 42,4% são meninas de 0 a 11 anos. Em seguida, as vítimas são adolescentes de 12 a 17 anos (35,6%). Deste total, 64,4% dos crimes foram cometidos dentro da casa dessas meninas. Os casos de estupro e tentativa de estupro aconteceram principalmente nos fins de semana, no período da manhã e da noite. Dos agressores, 19,5% tem relação de parentesco com as vítimas, 22% conhecem a vítima e 27,1% não tem nenhuma relação com as vítimas. 

    Já as tentativas de estupro, 41,7% das vítimas estão na faixa etária de 30 a 59 anos. Dos casos, 25% são cometidos por parentes destas mulheres, sendo 41,7% dentro de suas residências. 

    Os atentados contra a vida das mulheres (feminicídio, homicídio doloso, tentativas de feminicídio e homicídio doloso), embora em menor número, foram cometidos em mais 50% dos casos por companheiros e ex-companheiros. E em mais de 60% dos casos os crimes foram cometidos ou tentados dentro de casa. No estado do Rio de Janeiro, em 2018, em média, uma mulher foi morta quase todo dia no estado, totalizando 350 vítimas e uma taxa de 3,9 vítimas para cada 100 mil mulheres. 

    O Dossiê aponta que os crimes relacionados à violência contra a mulher se apresentam como grandes problemas que devem ser combatidos. Sejam na ordem física, moral, psicológica, sexual ou patrimonial. No contexto sociocultural em que a condição feminina ainda é vista, sob um olhar de subordinação e inferioridade, as mulheres são ainda estigmatizadas, o que inibe, em muitos casos, a iniciativa de denúncias e registros nas delegacias. 

    Do total registrado, 21,5% é referente a violência moral e 3,6% é referente a violência patrimonial. Os dados do Dossiê foram coletados dos boletins de ocorrência registrados nas delegacias 105 ª DP (Retiro) e 106 ª DP (Itaipava), no ano de 2018. 

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