• Ibovespa sobe 1,51%, a 126,5 mil pontos, e avança 1,12% na semana

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 26/abr 18:03
    Por Luís Eduardo Leal / Estadão

    Com leituras favoráveis do IPCA-15 em abril e, nos Estados Unidos, do PCE de março, métrica preferida do BC americano para monitorar os preços ao consumidor, a melhora do humor externo e doméstico contribuiu para que o Ibovespa interrompesse hoje série diária de três leves perdas, em alta de 1,51%, aos 126.526,27 pontos no fechamento, que o colocou no campo positivo também na semana (+1,12%). Assim, o índice da B3 superou sequência negativa das três semanas anteriores, limitando a perda do mês, que chega ao fim na próxima terça-feira, a 1,23%.

    Na máxima desta sexta-feira, o Ibovespa foi aos 126.826,13 pontos, no maior nível intradia desde 12 de abril – o patamar de fechamento da sessão também foi o maior desde o dia 11 do mesmo mês. Moderado, o giro financeiro ficou restrito a R$ 19,6 bilhões na sessão, em que o Ibovespa saiu de mínima, na abertura, aos 124.650,92. No ano, o índice da B3 ainda acumula perda de 5,71%. Em porcentual, o avanço desta sexta-feira foi o maior desde 8 de abril (1,63%).

    As principais ações da carteira Ibovespa mostraram ganhos na sessão, na faixa de 1% a 2% em boa parte do dia. Vale ON subiu 0,84%, reduzindo a perda da ação na semana a 0,98%, enquanto Petrobras ON e PN tiveram alta, hoje, de 1,46% e 0,78%, com ganhos semanais de 2,41% e 2,17%, respectivamente. Entre os grandes bancos, Itaú PN mostrou alta de 1,67% na sessão e de 2,09% na semana, enquanto Bradesco PN subiu hoje 1,61%, avançando 1,76% no mesmo intervalo. Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, Azul (+5,97%), MRV (+5,54%) e Hypera (+5,16%). No lado oposto, Pão de Açúcar (-2,47%), Casas Bahia (-1,45%) e Klabin (-0,69%).

    “Alimentado pelo IPCA-15 abaixo do esperado para abril, a Bolsa teve uma alta como há algum tempo não se via. A inflação segue bem comportada no Brasil, mas há sinais um pouco mistos, com o Roberto Campos Neto presidente do BC tendo enfatizado, recentemente, que o movimento de ajuste na política monetária vai depender muito, daqui pra frente, dos dados de fora, especialmente nos Estados Unidos”, diz Felipe Moura, analista da Finacap. “Tivemos um dia de respiro, de alívio, antes da decisão e da comunicação do Federal Reserve, na próxima semana, sobre a taxa de juros por lá”, acrescenta.

    Nesse contexto, o quadro das expectativas para as ações no curtíssimo prazo, no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, está mais equilibrado em relação ao levantamento da semana passada. Entre os participantes, a maioria (42,86%) espera estabilidade para o Ibovespa na próxima semana, enquanto 28,57% preveem alta e outros 28,57%, queda. No último Termômetro, o quadro estava dividido entre variação neutra e alta (50% a 50%), sem respostas indicando baixa.

    Ainda assim, além do PCE de março melhor do que se chegou a temer, o IPCA-15, considerado como prévia da inflação oficial do Brasil, foi um fecho estimulante para semana que se aproximava do fim em meio a receios sobre a resiliência da alta de preços ao consumidor nos Estados Unidos, e tendo como pano de fundo a desaceleração econômica indicada na leitura preliminar do PIB americano do primeiro trimestre, divulgada ontem.

    Aqui, o IPCA-15 referente a abril contribuiu para fechamento adicional da curva de juros doméstica nesta última sessão da semana, observa Ana Paula Carvalho, sócia da AVG Capital. “Diante desse dado, acredito que o BC continue no ritmo de queda de 0,50 ponto porcentual para a Selic na próxima reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária, nos dias 7 e 8 de maio”, acrescenta.

    Ainda que a semana tenha terminado em chave mais favorável, diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, é preciso que se coloque tal recuperação parcial em perspectiva. “A curva de juros doméstica abriu em 60 bps basis points e fechou uns 15 bps disso, e se olharmos para o Ibovespa, não tem conseguido ir além dos 125 ou 126 mil pontos. Há prosseguimento da saída de recursos estrangeiros da Bolsa – e sem atratividade para que retornem, o que se reflete no baixo giro financeiro que tem sido visto na B3”, diz.

    Ele observa que, mesmo quando comparado a outros mercados latino-americanos de portes distintos, como os de Argentina e Colômbia, ou de liquidez e tamanho mais próximo, como o do México, o retrato que emerge para o Brasil não é favorável. “O ano começou com o cenário de três ou quatro cortes de juros nos Estados Unidos e, agora, a expectativa majoritária é de que ocorra apenas um – ou talvez nem isso. Quando vem uma chacoalhada como essa, o investidor, que a princípio buscava surfar onda que poderia favorecer os emergentes como um todo, passa a fazer distinção em cima de fundamentos, como os fiscais, olhando cada país”, acrescenta.

    Dessa forma, aponta o gestor, enquanto se vê uma agenda de gosto do mercado em um país até há pouco tempo à margem, como a Argentina, agora com produção de superávits primários, queda de juros e da inflação, ainda que o vizinho não seja comparável à dimensão do mercado brasileiro, tem-se uma percepção menos positiva do País, que se agrava quando emergem ruídos e desgastes públicos para peças bem avaliadas pelos investidores, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates – que, de certa forma, terminam a semana em posição melhor, com a aprovação da distribuição de 50% dos dividendos extraordinários da estatal, de efeito positivo também para o caixa do Tesouro.

    “A razão histórica de Preço/Lucro do Ibovespa era de 10 a 10,5 vezes, e tem estado em 8 vezes há uns três anos. Tem havido um aumento do desconto em relação ao S&P 500, que tinha P/L a 16 vezes e que agora tem avançado para 19 ou mesmo 21 vezes. Quando se olha a Bolsa aqui em dólar, mesmo já muito descontada, estamos perdendo para os argentinos, colombianos e mexicanos”, diz. “Quando se olha para os juros, é até possível cortar a taxa, mas o que vale mesmo é o juro longo, quanto se cobra de prêmio. E para que isso melhore, seria preciso mais crescimento econômico, sem perder de vista o bom senso fiscal.”

    Últimas