• Agência Antidoping dos EUA cobra Wada por não punir 23 nadadores chineses antes da Olimpíada

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  • 23/abr 16:14
    Por Estadão

    As competições de natação dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, disputadas em 2021 por causa da pandemia de covid-19, ainda estão longe de chegar ao fim. Tudo por causa de possíveis 23 casos de doping de nadadores chineses que a Agencia Mundial Antidoping (Wada) tratou como contaminação e evitou se aprofundar em investigação e punição. A Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada) entrou com ação exigindo uma investigação mais profunda sobre os casos. A China tinha uma delegação de 30 nadadores no Japão e conquistou seis medalhas, sendo três de ouro.

    Após a polêmica vir à tona via imprensa, a Wada deu explicações por videoconferência na segunda-feira e explicou que a conclusão de suas investigações na época é de que os resultados analíticos mostraram uma “exposição inavertida à droga por meio de contaminação.” Todos os 23 nadadores estavam hospedados em um mesmo hotel e teriam sido expostos ao medicamento para coração TMZ em três áreas do hotel da concentração.

    A explicação não convenceu os americanos e a Usada resolveu contra-atacar a Wada com duras declarações e até revelando que os casos de doping de chineses já vinham sendo ignorados por mais de três anos. À véspera dos Jogos de Paris-2024, a cobrança é firme e pedindo seriedade nas avaliações para não prejudicar os “atletas limpos.”

    “Infelizmente, nenhuma das questões pendentes sobre o fracasso da Agência Antidoping Chinesa ou da Agência Mundial Antidoping em aplicar uniformemente as regras contra o doping foi respondida satisfatoriamente para os atletas limpos e para o público na conferência de imprensa da WADA ontem (segunda-feira”, lamentou a Usada em nota oficial.

    “A aplicação seletiva e egoísta das regras de que ouvimos falar ontem destrói a confiança do público na autenticidade e no valor do Movimento Olímpico e Paraolímpico. Saber que diferentes regras podem ser aplicadas a diferentes países prejudica o compromisso daqueles que são vitais para a sua viabilidade contínua, incluindo os melhores atletas, fãs, patrocinadores e a próxima geração de atletas do mundo.”

    A Usada aproveitou que Paris-2024 está perto para apelar “urgentemente” aos governos e aos líderes desportivos para que intensifiquem e tomem imediatamente medidas para garantir que sejam criadas “independência, supervisão e responsabilização reais” no sistema antidoping global, para que o mundo pode ter confiança no sistema e naqueles que o lideram. “Os atletas e o público precisam desesperadamente e merecem confiança no sistema que se dirige a estes Jogos.”

    A cobrança é para que haja de imediato a nomeação de um Procurador Independente para rever todo o processo dos 23 testes positivos e garantir que a justiça seja feita nestes casos.

    “O prazo de prescrição não expirou nestes casos e o caminho para a aplicação das regras e do devido processo legal ainda pode existir. O esforço para alcançar toda a justiça possível neste momento deve acontecer antes dos Jogos de Paris de 2024, pois é injusto que todos os atletas que competem nestes Jogos possam competir contra aqueles que testaram positivo e cujos resultados foram mantidos em segredo até agora”, cobrou a Usada.

    “A disposição da WADA de vendar os olhos e algemar-se, e de afirmar que faria a mesma coisa novamente, é mais uma facada nas costas para atletas limpos. Como pode um regulador global ficar satisfeito quando permite que 23 testes positivos sejam varridos para debaixo do tapete e nenhum atleta ou organização é responsabilizado?”, questionou a Agência americana.

    LISTA DE ERROS

    A Usada ainda fez uma lista das falhas cometidas pela Wada no caso e reclamou do “encobrimento” de testes positivos nos últimos três anos, incluindo o não cumprimento das regras.

    Segundo os americanos, o departamento de Inteligência e Investigações da Wada reconheceu que não abriu uma investigação sobre os 23 testes positivos, mas apenas processou as informações em seu sistema.

    “A Wada não fez nenhuma investigação factual sobre as circunstâncias do hotel.

    A China não determinou a origem do TMZ e a Agência Mundial aparentemente não levantou as questões óbvias: como é que uma droga controlada, o TMZ, chegou à cozinha? Algum funcionário da cozinha tinha receita ou usava TMZ? Um funcionário esmagou comprimidos de TMZ enquanto estava na cozinha? O CCTV foi revisado para determinar quem tinha acesso à cozinha? Certamente, o serviço de segurança chinês poderia ter entrevistado os funcionários do hotel para tentar descobrir quem poderia estar usando o TMZ”, reclamou.

    E foi além: “A Wada também parece despreocupada com o fato de o TMZ ter sido descoberto num hotel na China pela Segurança do Estado Chinês mais de três meses e meio depois de os atletas com teste positivo estarem no hotel. A Wada acredita que o hotel não foi limpo apesar destes três meses que abrangem o auge da epidemia de covid, quando os restaurantes e locais públicos eram quase certamente obrigados a realizar uma limpeza extensa diária e noturna?”

    A Usada alegou que a Agência Mundial Antidoping deveria ter avisado os atletas e as organizações que combatem o doping de todo o mundo sobre as possíveis possibilidades de contaminações em hotéis e concentrações., caso ela tivesse tamanha certeza do assunto. “O fato de todos os positivos terem vindo de atletas que se hospedaram no hotel não comprova nem refuta a contaminação. Como sabemos pelos casos de Lance Armstrong e dos Correios dos EUA, atletas que se drogam juntos também viajam e ficam juntos nos mesmos hotéis.”

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