• Tarcísio diz que STF e Congresso têm que ‘descomprimir’ para polarização no País chegar ao fim

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 22/abr 19:03
    Por Samuel Lima e Pedro Augusto Figueiredo / Estadão

    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira, 22, que a responsabilidade de acabar com a polarização no Brasil não cabe apenas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas também ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Congresso Nacional e à imprensa.

    “Essa responsabilidade é do Judiciário, do Parlamento e da mídia. Todo mundo tem que começar a fazer gestos e descomprimir”, declarou Tarcísio a empresários, em um evento promovido pela Esfera Brasil. “A gente tem que ter uma porta da saída, não podemos mais conviver com a pressão que existe. Está na hora de descomprimir, de ser razoável. Se todo mundo não fizer sua parte, não vamos sair da polarização.”

    O governador também criticou o avanço do Legislativo sobre as prerrogativas do Executivo no orçamento. “A gente tem um Congresso com cada vez mais poder e menos responsabilidade”, afirmou. Ele comparou o presidencialismo brasileiro a um parlamentarismo não oficial. “Existe uma disciplina no que diz respeito à atribuição de emendas, principalmente em projetos estruturantes, que a gente precisa estabelecer”.

    Tarcísio de Freitas participou de um painel com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Segundo o goiano, o problema da captura do orçamento se resolve com “pulso e credibilidade”. Assim como o governador de São Paulo, Caiado é um dos possíveis beneficiários do espólio político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, em 2026. Ele disse aos jornalistas após o evento que nunca escondeu seu desejo de ser presidente da República e que, quando chegar o momento, colocará seu nome à disposição do União Brasil.

    Ambos participaram de manifestação convocada por Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, no final de fevereiro, mas estiveram ausentes no protesto realizado na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo, 21.

    Os dois desconversaram sobre a possibilidade de prisão do ex-presidente e assinalaram que, para eles, Bolsonaro é o principal líder político do Brasil atualmente. “Ninguém tem a capacidade de fazer o que Bolsonaro, mesmo depois de não ter direito a um futuro mandato, fez na Paulista, em Copacabana”, afirmou Caiado. “Ninguém consegue arrastar uma multidão e tem tanto carisma como Bolsonaro”, acrescentou Tarcísio.

    Na saída, em conversa com jornalistas, Caiado também minimizou a ausência no ato de Copacabana, dizendo que esteve ao lado de Bolsonaro “no momento mais difícil”, na Avenida Paulista. Tarcísio não conversou com a imprensa. Ele fez uma postagem de apoio nas redes sociais.

    ‘Prévia’ da centro-direita nas eleições 2026

    Em alguns momentos, o painel se assemelhou a um debate eleitoral – os dois governadores tratavam dos mesmos temas, orientados à direita, ou centro-direita, como preferiram os organizadores, mas pontuando méritos das duas gestões em Goiás e em São Paulo.

    Caiado investiu nas frases de efeito, como ao comentar que, por lá, “ou o bandido muda de profissão ou de Estado” e na crítica à política de segurança pública baseada em “muita teoria e pouca prática”. Tarcísio, por sua vez, deu maior destaque à questão fiscal, disse que o Brasil está preso a uma “armadilha de baixo crescimento” por não cortar despesas e defendeu melhorias na qualidade do gasto público.

    O governador de Goiás alfinetou ainda, indiretamente, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que mais cedo, no mesmo evento, defendeu constitucionalizar um Sistema Único de Segurança Pública e a criação de um fundo próprio de financiamento. “Política única no País é bobagem. A Força Nacional está aí para mostrar isso”, declarou o goiano, que também mirou na pauta econômica, notadamente a reforma tributária e o arcabouço fiscal.

    Se por um lado Caiado ressaltou a experiência política como um trunfo para capitalizar os votos da direita nas próximas eleições presidenciais, Tarcísio ganhou afagos públicos mais cedo de Gilberto Kassab, secretário de governo na sua gestão em São Paulo e presidente do PSD.

    Ao comentar o peso do apoio à reeleição do prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB), Kassab disse que Tarcísio foi a “única grande novidade” do pleito passado. O PSD, no entanto, defende a candidatura de outro político de centro-direita em 2026: o governador do Paraná, Ratinho Júnior.

    Últimas