• Ibovespa cai 0,49%, aos 125,3 mil pontos, no menor nível desde novembro

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  • 15/abr 17:45
    Por Luís Eduardo Leal / Estadão

    Em linha com a deterioração do humor em Nova York, o Ibovespa acentuou perdas ao longo da tarde, após ter operado na parte inicial da sessão um pouco acima da estabilidade com a relativa descompressão geopolítica no Oriente Médio. Além da virada em NY, em baixa que chegou a 1,79% no fechamento (Nasdaq), o índice da B3 sentiu efeito também da piora na percepção sobre a política fiscal doméstica, após a confirmação, pelo Ministério da Fazenda, de que a meta de superávit primário de 0,5% do PIB, para 2025, foi revisada pelo governo para zero, com efeito para a trajetória da dívida pública na visão de mercado.

    No fechamento, o Ibovespa mostrava baixa de 0,49%, aos 125.333,89 pontos, a quarta perda consecutiva para o índice, agora no menor nível de encerramento desde 17 de novembro, então aos 124,7 mil. Na mínima de hoje, ficou perto de ceder o limiar de 125 mil, aos 125.033,98, saindo de máxima a 126.250,41 e de abertura aos 125.946,09 pontos na sessão. O giro foi a R$ 27,2 bilhões. No mês, o Ibovespa cai 2,16% e, no ano, cede 6,60%.

    “De manhã, a Bolsa subia mesmo com o avanço do dólar e dos juros futuros. Mas com a pressão mais forte nos DIs à tarde, em todos os vencimentos, e também no câmbio, o Ibovespa não conseguiu sustentar essa recuperação. O momento ainda é de aversão a risco para Bolsa, com poucos setores, como o de frigoríficos, conseguindo se descolar na sessão”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, acrescentando que empresas como BRF (+10,15%), Marfrig (+4,82%) e JBS (+4,21%), na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, foram beneficiadas por aumento de recomendação para o setor, além da queda de preços em insumos para rações, como milho, em Chicago.

    Ele observa que a pressão observada no câmbio e nos juros futuros têm relação, ainda, com a possibilidade de efeitos inflacionários, especialmente sobre os custos de fontes de energia, como o petróleo, caso as tensões entre Israel e Irã persistam – e com potencial de envolvimento de terceiras partes, como EUA. Uma escalada militar teria implicações também para os juros americanos, no momento em que o mercado já tinha repassado de junho para setembro o momento do início de cortes na taxa do Federal Reserve.

    O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou hoje que o país coordena um esforço diplomático para evitar que as tensões entre Irã e Israel se transformem em um conflito maior no Oriente Médio. “Não buscamos escalada, mas continuaremos apoiando a defesa de Israel e protegendo o nosso pessoal na região”, disse Blinken, no âmbito de reunião com o vice-primeiro-ministro do Iraque, Muhammad Ali Tamim, em Washington D.C.

    Não obstante a extensão da ofensiva iraniana a Israel na virada do sábado para o domingo, a falta de efetividade dos mais de 300 drones e mísseis – contidos pela defesa israelense e por aliados como Estados Unidos e Reino Unido – e a declaração do regime persa de que a resposta ao ataque do início de abril ao consulado iraniano na Síria está dada, aliviaram os receios de uma escalada militar na região, por ora.

    Ainda no fim de semana, o sinal do presidente dos EUA, Joe Biden, ao governo de Israel, de que uma reação como a do fim de semana precisa ser tratada como vitória, reforçou a percepção de que Israel tende a esperar para eventual revide, sem causar acirramento da hostilidade no momento – o que teria efeito para os custos de energia globais quando se desenha uma eleição americana acirrada.

    “A baixíssima eficiência do ataque do Irã, com mais de 99% dos projéteis lançados tendo sido interceptados por Israel e aliados, foi o ponto positivo do fim de semana”, em relação à expectativa que se tinha na sexta-feira, quando predominava a aversão global a risco, diz Victor Miranda, sócio da One Investimentos, referindo-se à retirada, nesta segunda-feira, de parte dos prêmios que haviam sido colocados em ativos mais sensíveis à região, como o petróleo.

    A retração da commodity, contudo, foi moderada em direção ao fechamento da sessão de hoje em Londres e Nova York. As perdas arrefeceram à tarde depois de Israel sinalizar que pretende, de fato, dar resposta ao ataque do fim de semana. Por ora, a relativa descompressão do petróleo se refletiu positivamente nas ações de Petrobras (ON +1,46%, PN +0,95%), com a percepção de que menos é mais no momento em que a gestão da estatal vinha sob críticas de alas do governo – uma escalada da commodity poderia acentuar a defasagem entre o preço doméstico e o externo.

    A recuperação do minério de ferro na China pela sexta sessão consecutiva, acumulando avanço de 9,5% em relação à segunda-feira passada, deu suporte às ações do setor metálico, com Vale ON em alta de 0,58% e os ganhos no segmento chegando a 3,62%, para Metalúrgica Gerdau, no fechamento da sessão. Entre os setores de maior peso no Ibovespa, os bancos operaram na direção oposta a das commodities nesta segunda-feira, com perdas que atingiram 1,69% (Itaú PN) no encerramento do dia.

    Na ponta ganhadora, além dos frigoríficos e de Metalúrgica Gerdau, destaque também para Gerdau (PN +3,50%) e Dexco (+2,75%). O JPMorgan elevou as recomendações de Gerdau e Metalúrgica Gerdau, de neutra para overweight (equivalente a compra), e para o preço-alvo das companhias – de R$ 25,50 para R$ 30,50 e de R$ 11 para R$ 13, respectivamente -, reporta a jornalista Amélia Alves, do Broadcast. Em relação ao fechamento da última sexta-feira, há potencial valorização de 36,7% (Gerdau) e 23,7% (Metalúrgica).

    No lado oposto do Ibovespa nesta primeira sessão da semana, predominaram ações correlacionadas ao ciclo doméstico e sensíveis a câmbio ou juros, como CVC (-9,38%), Magazine Luiza (-7,83%), Vamos (-6,42%) e Cyrela (-6,03%).

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