• Kamilla Cardoso é bicampeã do basquete universitário e já ganhou elogios de Magic Johnson

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  • 08/abr 15:33
    Por Estadão

    O Brasil tem mais uma vez um nome centralizando holofotes do basquete norte-americano. Kamilla Cardoso, pivô de 22 anos, foi bicampeã da NCAA (liga universitária) com o South Carolina ao bater Iowa por 87 a 75 na final. A brasileira de 2,01 metros mira na WNBA (liga de basquete feminino dos EUA) e já está inscrita no draft. Na decisão, que confirmou o título invicto, Kamilla anotou um “double-double”, com 15 pontos e 17 rebotes.

    Natural de Montes Claros (MG), cidade que fica distante 422 quilômetros de Belo Horizonte, Kamilla começou a carreira já no high school americano (nível equivalente ao Ensino Médio brasileiro), aos 15 anos. Ela atuava no Hamilton Heights Christian Academy, do Tennessee. No seu último ano, a pivô teve média de 24,1 pontos e 15,8 rebotes por jogo. Além dos números, o desempenho chamou atenção do esporte universitário. Ela entrou no programa da Universidade de Syracuse, de Nova York, como a recruta mais bem avaliada na história da equipe.

    O começo da carreira universitária foi meteórico. Em uma vitória sobre Boston College, Kamilla fez 24 pontos e somou sete rebotes, convertendo 10 de 11 arremessos, o que lhe alçou à segunda melhor marca de uma jogadora de Syracuse na história do basquete feminino. Na primeira temporada, ela conquistou o prêmio de melhor novata da Conferência da Costa do Atlântico. Em 2021, Kamilla se transferiu para o time da Universidade de Carolina do Sul, como um pedido da técnica, a multicampeã olímpica e mundial Dawn Staley. No primeiro ano no novo time, a pivô liderou a equipe da Universidade da Carolina do Sul na vitória sobre Uconn Huskies, de Connecticut, por 64 a 49 na decisão do torneio e se tornou a primeira brasileira a erguer o troféu.

    No campeonato deste ano, o terceiro título de South Carolina e o segundo de Kamilla, a brasileira venceu o prêmio de melhor jogadora da competição. Cada vez com mais destaque, a pivô tem conseguido conquistar alguns objetivos, como ser inspiração. “Espero continuar incentivando a todos a seguir em frente, não desistir dos seus sonhos, seguir lutando. É preciso acreditar nos seus sonhos, e você será capaz de conquistá-los”, disse ao Estadão, há dois anos, quando venceu o primeiro título do college.

    O lugar de Kamilla hoje foi ocupado por outras atletas antes. O potencial da jovem faz com que sejam criadas expectativas para que ela repita Janeth Arcain, primeira brasileira a atuar na WNBA e tetracampeã com o Houston Comets. Janeth também foi campeã pan-americana e mundial com a seleção brasileira, além de duas pratas em Pans, uma nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996 e um bronze em Sydney 2000.

    Kamilla está na seleção brasileira desde 2021, quando foi bronze na Copa América de Basquetebol Feminino, em Porto Rico. Ela teve média de 9,9 pontos e oito rebotes por jogo. O primeiro título representando o País veio em 2022, com o ouro no Campeonato Sul-Americano de Basquete, em que ela foi eleita melhor jogadora, com média de 14,8 pontos, 11,4 rebotes e 2,6 bloqueios por jogo. Na Copa América, ano passado, a pivô levou o Brasil ao título, novamente eleita melhor do torneio e com impressionantes 20 pontos e 11 rebotes na vitória por 69 a 58 contra os Estados Unidos na final.

    Quando conversou com o Estadão, Kamilla falou sobre a convicção em jogar no país norte-americano justamente para ter mais destaque e ajudar a seleção. O basquete brasileiro tem sofrido com desorganização política e falta de investimento nas categorias de base, o que impede que times locais e a seleção consigam captar importantes talentos.

    “Eu acho que a falta de investimentos no basquete não teve tanto peso na minha decisão. Meu sonho sempre foi jogar basquete nos Estados Unidos, porque já sabia que o esporte não era tão valorizado no Brasil. Mas acho que não interferiu tanto. Meu sonho era jogar no ‘high school’, no ‘college’ e depois ir para a WNBA, e atuando no Brasil isso não seria possível”, argumentou Kamilla há dois anos.

    O sonho não só é realizado, como Kamilla arranca elogios fortes no país. A técnica Dawn Staley comemorou o título enaltecendo Kamilla. “O que posso dizer, acima de tudo, é que ela não nos deixaria sem mais um título. Kamilla será uma das melhores jogadoras da WNBA. Porém, o mais importante é seu espírito. Uma das melhores companheiras de equipe que temos aqui. E além do brilho dela, a ajudamos a ir para a liga como campeã universitária. É maravilhoso”, afirmou a treinadora.

    A lenda do Los Angeles Lakers Magic Johnson comentou o desempenho da brasileira depois do título, também citando outras atletas de destaque do college. “Kamilla Cardoso dominou todo o torneio. A calouro mostrou muita compostura e também teve grande impacto no jogo! Milaysia Fuiwiley estava fazendo passes e jogando durante toda a partida e Tessa Johnson marcou o recorde de sua carreira com 19 pontos. Eu também tenho que reconhecer Raven Johnson e Bree Hall por fazerem Caitlin Clark trabalhar duro para cada ponto durante todo o jogo”, escreveu o ex-armador.

    O draft da WNBA será dia 15 de abril. Será o 29º da história da liga. Kamilla poderia atuar ainda mais um ano no college, devido a uma regra que estendeu uma temporada para jogadoras que tiveram o período afetado pela pandemia de covid-19. A brasileira, contudo, decidiu seguir para o profissional. Kamilla estará ao lado de outras duas brasileiras na liga: a ala-pivô Damiris Dantas, do Indiana Fever, e Stephanie Soares, quarta escolha do Draft de 2023, que joga pelo Dallas Wings.

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