• Juros: taxas terminam trimestre em alta, de olho em Fed e no plano de voo do BC

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  • 28/mar 18:20
    Por Mateus Fagundes / Estadão

    O mercado de juros termina a semana com viés de alta em toda a estrutura, embora o movimento seja comportado frente ao visto no câmbio e nos Treasuries hoje. A percepção de analistas é de que as taxas já haviam incorporado nos últimos dias um cenário mais conservador e que, assim, os recados nesse sentido dos indicadores do mercado de trabalho e do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) já não tinham mais espaço para ressoar nos preços. No mês e no trimestre, a curva ganhou inclinação, sob influência do comportamento dos Treasuries.

    O DI para janeiro de 2025 subiu de 9,907% no ajuste de ontem para 9,920%. O janeiro 2026 saía de 9,891% para 9,900%. O janeiro 2027 passava de 10,142% para 10,160%. E o janeiro 2029 avançava de 10,638% para 10,670%.

    O dia foi bastante movimento no front ao qual a curva de juros é sensível, embora sem grandes novidades. No RTI, o Banco Central avançou pouco em relação ao que já havia tratado no comunicado e na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), reforçando relativa cautela da autoridade e o cenário-base já estabelecido.

    Assim, a expectativa se deslocou para a entrevista com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen. Também, mais uma vez, o tom foi de reforço das mensagens recentes.

    Campos Neto destacou que o que o BC entendia sobre a Selic terminal não mudou de forma substantiva e que o debate de diretores sobre a redução do corte da taxa não é especificamente sobre junho.

    Já Guillen ressaltou que alguns membros – ao menos dois – entendem que os ganhos salariais estão associados a um mercado de trabalho apertado.

    Ontem, o Caged mostrou geração líquida de 306 mil postos de trabalho em fevereiro. Hoje, a Pnad Contínua apontou que a taxa de desocupação de 7,8% registrada no trimestre terminado em fevereiro de 2024 foi o menor resultado para esse período do ano desde 2015, quando ficou em 7,5%.

    Agentes do mercado viram, hoje, alguma tendência em ficarem mais conservadores por causa do front externo amanhã. Apesar de não haver negócios nem aqui nem nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursa e o Departamento do Comércio informa a inflação ao consumidor medida pelo PCE.

    A cautela tem a sua dose de razão. Em março e no primeiro trimestre, a curva de juros ganhou inclinação por causa das oscilações dos Treasuries – e de renovadas dúvidas sobre quando se dará o início do ciclo de cortes de juros pelos Estados Unidos. O diferencial entre as taxas de janeiro de 2029 e janeiro de 2025, uma medida de inclinação, passou de 5,6 pontos-base na virada do ano para 75,0 pontos-base agora. No mês, subiu 30 pontos.

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