O eterno romancista recordado
Jorge Amado de Farias, notoriamente conhecido como Jorge Amado, nasceu em Itabuna, Estado da Bahia, a 10 de agosto de 1912.
Frequentou, ao completar seis anos, os primeiros bancos escolares, em Ilhéus, e, após, com 11 anos, de volta a Salvador passou a estudar no Colégio Antonio Vieira, tendo estudado, também, no Ginásio Ipiranga, época em que publicou “Poema ou Prosa”.
Em razão de haver decidido cursar Direito, matriculou-se na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro em 1931, tendo concluído o curso em 1935.
Por haver abraçado ideais de natureza política, elegeu-se Deputado Federal pelo PCB, todavia teve o mandato suspenso em decorrência da decretação da ilegalidade do partido.
No decorrer de 1932 passou a frequentar grupos políticos de esquerda e, justamente, por questões relacionadas com o seu modo de pensar, acabou por “…sofrer perseguições que o obrigaram a se exilar na Argentina”.
Esteve, por isso mesmo, preso nos anos de 1936/1937.
Em 1932 publica o seu primeiro livro, “O País do Carnaval”.
Após pesquisa que fiz levar a cabo na obra “Literatura Brasileira – das origens aos nossos dias”, da lavra de José de Nicola, demonstra o mesmo que Jorge Amado guardava “…posições mais amenas em seus romances posteriores à década de 50”.
E completa: “… De Seara Vermelha, por exemplo, para “Dona Flor e seus dois maridos”, há uma distância clara e evidente, apesar de negada pelo autor em suas entrevistas. O primeiro é mais político, revolucionário, ao passo que o último é mais lírico, caracterizado por um certo humorismo extraído do cotidiano”.
Na 33ª edição da obra “O País do Carnaval”, numa das orelhas, lê-se: “… que o livro marcou a estréia de Jorge Amado, como escritor, quando completara 19 anos de idade. Auspicioso início de carreira, pois logo o autor atraía a atenção da crítica para o seu nome, não tardando em tornar-se um escritor lido de Norte a Sul do país”.
Ainda nesta 33ª edição publicada em 1978, na mesma orelha, escreve o renomado escritor José Veríssimo: “…Se eu tivesse engenho e arte havia de escrever o ABC de Jorge Amado, como um sujeito magro, de olhos de chinês que nasceu na Bahia, foi rebelde, fugiu de casa, viu a vida e viveu-a com ânsia; um sujeito que ama os humildes e os oprimidos e que, aos 23 anos, é um dos maiores romancistas do Brasil”.
Jorge Amado, inteligência privilegiada, todavia com pendores desde há muito pela política, sempre se caracterizando como defensor dos marginalizados, ser humano com profundos sentimentos voltados para o social.
O notável romancista ocupou a cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras.
O já citado escritor José Nicola, “licenciado em Letras, com especialização em ensino de língua e literatura – professor de cursinhos e de escolas particulares e autor de várias obras didáticas para o ensino de língua literatura e produção de textos. E também autor de livros de poesia para o público infantil”, com notabilidade descreveu a vida e obra de Jorge Amado, ainda fazendo destacar: “…se há uma palavra-chave que perpassa toda a obra de Jorge Amado, essa palavra é liberdade, tanto no plano individual como no plano social. Como exemplo maior, verdadeiro hino dessa procura de liberdade em todos os níveis, citaríamos essa pequena obra-prima que é a novela “A morte e a morte de Quincas Berro D’Água”.
Termino essa singela apreciação a propósito do sertanista Jorge Amado justamente relembrando “A morte de Quincas Berro D’Água com a afirmação do figurante: “cada qual cuide de seu enterro, impossível não há”. (Frase derradeira de Quincas Berro D’Água, segundo Quitéria que estava a seu lado).
Ante a tantas lições colhidas, julgo que renasça o convite de continuarmos a ler e reler obras do romancista, autor, ainda, de inúmeras outras que fez publicar.
Jorge Amado faleceu em 6 de agosto de 2021, deixando eternas saudades para seus inúmeros amigos, em especial para os seus inúmeros leitores e, em especial, para a esposa, a também brilhante escritora, Zélia Gattai.