• MPF cobra R$ 2 mi de herdeiros de Ustra, Fleury e mais 40 por mortes na ditadura

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  • 18/mar 18:11
    Por Pepita Ortega / Estadão

    O Ministério Público Federal acionou a Justiça para responsabilizar, na esfera civil, 42 ex-agentes da ditadura militar por envolvimento com o desaparecimento e morte de 18 vítimas do regime de exceção, sequestrados, torturados, assassinatos. Entre os alvos da ação estão ex-integrantes do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em São Paulo, incluindo o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o ex-delegado Sérgio Paranhos Fleury.

    Segundo a Procuradoria, a ação visa não o reconhecimento da participação dos citados nos crimes da ditadura, mas também promover ‘medidas de reparação, preservação da memória e esclarecimento da verdade sobre o período da ditadura’.

    Um dos pedidos é para que os acionados sejam condenados a ressarcirem ‘os danos que as práticas ilegais causaram à sociedade e as indenizações que o Estado brasileiro já pagou às famílias das vítimas’ – montante que passa de R$ 2,1 milhões, em valores não atualizados. No caso dos já falecidos, a reparação financeira deve ser cumprida pelos herdeiros, diz o MPF.

    Também é solicitado a perda de eventuais cargos públicos ocupados atualmente pelos réus, assim como o cancelamento de suas aposentadorias.

    Também são réus a União e pelo Estado de São Paulo, por suposta omissão em investigar e responsabilizar ex-agentes do sistema de repressão.

    O MPF pede que os governos federal e estadual abram arquivos e acervos de órgãos de segurança (Forças Armadas e Polícia, por exemplo) e criem espaços de memória (online e físicos) que ‘tratem das graves violações de direitos ocorridas na ditadura’.

    A lista de ex-agentes acionados pela Procuradora corresponde a investigações sobre o DOI-Codi – aparelho de repressão responsável por 54 assassinatos e 6,8 prisões até 1977 – que ainda não haviam gerado processos na esfera cível. Além de Ustra e Fleury, são processados:

    – Adyr Fiuza Castro

    – Alcides Cintra Bueno Filho

    – Altair Casadei

    – André Leite Pereira Filho

    – Antônio Cúrcio Neto

    – Antônio Vilela

    – Aparecido Laertes Calandra

    – Audir Santos Maciel

    – Cyrino Francisco de Paula Filho

    – David dos Santos Araújo

    – Dirceu Gravina

    – Durval Ayrton Moura de Araújo Edsel Magnoti

    – Ênio Pimentel da Silveira

    – Félix Freire Dias

    – Gabriel Antônio Duarte Ribeiro

    – Jair Romeu

    – José Barros Paes

    – José Brant Teixeira

    – Lourival Gaeta

    – Luiz Martins de Miranda Filho

    – Paulo Malhães

    – Pedro Antonio Mira Grancieri

    – Walter Lang

    Também foram acionados pelo MPF 16 ex-servidores do Instituto Médico Legal (IML) paulista, responsáveis pela suposta ‘dissimulação das razões das mortes de opositores da ditadura. São eles:

    – Abeylard de Queiroz Orsini

    – Antonio Valentini

    – Arildo de Toledo Viana

    – Armando Cânger Rodrigues

    – Arnaldo Siqueira

    – Carlos Setembrino da Silveira

    – Ernesto Eleutério

    – Fernando Guimarães de Cerqueira Lima

    – Isaac Abramovitch

    – João Grigorian

    – João Pagenotto

    – José Henrique da Fonseca

    – José Manella Netto

    – Mário Nelson Matte

    – Octavio D’Andrea

    – Orlando José Bastos Brandão

    A ação destaca como foi ‘intensa’ a colaboração do IML com o DOI-Codi durante a ditadura, com a produção de certidões de óbitos que confirmassem a versão dos militares, com o objetivo de esconder tortura e assassinatos. Os ex-agentes do regime marcavam a requisição de laudos com um ‘T’ – referente a terrorista – para que os relatórios fossem fraudados. Foi o que ocorreu no caso da morte do jornalista Vladimir Herzog, do estudante Emmanuel Bezerra e do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino.

    A Procuradoria também lembrou que há vítimas consideradas desaparecidas até hoje, como o militante Elson Costa, alvo da ‘Operação Radar’ montada contra o Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1975.

    O pedido de responsabilização agora ajuizado na Justiça está ligado ao desaparecimento de outras 15 vítimas da ditadura, além de Herzog, Bezerra, Merlino e Costa:

    – Alex de Paula Xavier Pereira

    – Antonio Benetazzo

    – Antônio Carlos Bicalho Lana

    – Aylton Adalberto Mortati

    – Carlos Roberto Zanirato

    – Dimas Antônio Casemiro

    – Francisco José de Oliveira

    – Gastone Lúcia Carvalho Beltrão

    – Gelson Reicher

    – Jayme Amorim de Miranda

    – João Carlos Cavalcanti Reis

    – Luiz Eurico Tejera Lisbôa

    – Manoel Lisboa de Moura

    – Raimundo Eduardo da Silva

    – Sônia Maria de Moraes Angel Jones

    COM A PALAVRA, A DEFESA

    Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato com a defesa dos processados, mas sem sucesso. O espaço esta aberto para manifestações.

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