• Projetos para o trânsito não saem do papel e problemas ficam mais graves

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  • 31/03/2019 08:00

    Com uma frota de 172.036 mil veículos, de acordo com dados do Departamento de Trânsito (Detran), Petrópolis coleciona projetos de Mobilidade Urbana que nunca saíram do papel. As ruas estreitas, mal sinalizadas e repletas de buracos são alvos constantes de críticas. Além disso, os congestionamentos tornaram-se parte da rotina do petropolitano. Sair e chegar de casa tornou-se um desafio e um problema ainda sem solução.

    "Talvez o projeto mais antigo de Mobilidade Urbana seja o da duplicação da Rua Coronel Veiga, que foi desenvolvido pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento na década de 70 e nunca foi implementado. Existem inúmeros outros projetos que nunca foram executados. Falta planejamento e também vontade política para executá-los", disse o engenheiro Luís Carlos Dias de Oliveira.

    Os buracos nas ruas estão entre os principais problemas relatados pela população. Foto: Bruno Avellar

    Durante a campanha eleitoral do atual prefeito Bernardo Rossi, foram várias as promessas de realização de obras que tinham como objetivo melhorar o trânsito nas principais vias da cidade. Entre as propostas estavam intervenções no trevo de Bonsucesso, a criação da ponte do Arranha-Céu, em Itaipava, e obras de ampliação na Ponte de Fones e Duas Pontes. Até o momento, nenhuma delas foi colocada em prática.

    Algumas dessas propostas fazem parte do PAC Mobilidade Urbana para Médias Cidades, elaborado entre 2013 e 2014. Todos foram aprovados pelo governo federal, que faria um empréstimo de R$ 45 milhões, mas devido à crise financeira, os recursos nunca vieram. "O PAC previa o projeto da Rotatória das Duas Pontes; a duplicação da General Rondon (Ponte dos Fones – Extra); a Circulação do Binário, que previa o acesso da cidade a partir da Ponte Fones pela Olavo Bilac – Cristóvão Colombo – Saldanha Marinho e para saída da Cidade pela Coronel Veiga", lembrou o engenheiro.

    Luís ressalta que são obras que necessitam de recursos do governo federal o que impossibilitariam o município de executar. "O planejamento é essencial neste momento. É preciso planejar a cidade não apenas para quatros anos, assim não funciona. Quando se planeja para 20 anos, como propomos com a criação do Instituto Pró-Gestão Participativa (IPGPar) e do Plano Estratégico, é mais fácil que os projetos saiam do papel", ressaltou.

    O engenheiro também cita projetos de pontos de ônibus para a transferência de passageiros de linhas alimentadoras, capilarizadas nos bairros para linhas troncais que circulariam em faixas preferênciais para o transporte coletivo para pontos no Bingen, Quitandinha, Ponte dos Fones, Olavo Bilac, Retiro, entre outros bairros. Além da implantação de cerca de 17 km de ciclovias na Barão do Rio Branco, Washington Luiz, Cel. Veiga, Gal. Rondon, Rua Bingen, Alto da Serra, pela Souza Franco e leito da antiga ferrovia. 


    Rua Monsenhor Bacelar: um problema que se arrasta há 14 anos

    Há 14 anos, os moradores da Rua Monsenhor Bacelar, no Centro Histórico, aguardam uma decisão sobre uma ação civil pública que pede mudanças no trânsito. Em 2005 a via passou a receber todo o tráfego de veículos em direção à Zona Sul (Quitandinha e adjacências) devido à implantação da mão única na Washigton Luiz. A ação está tramitando no Ministério Público Federal (MPF).

    Após a mudança, a Monsenhor Bacelar, que antes recebia apenas duas linhas de ônibus que iam em direção ao Valparaíso, passou a comportar o tráfego de cerca de 70 linhas. Além disso, o fluxo de caminhões e carros de passeio também dobrou, pois a rua passou a ser a principal opção para quem vai para a Zona Sul.

    Em 2006, um estudo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) mostrou diversos problemas em todos os imóveis da via causados pelo tráfego intenso de veículos. "A maioria da casas foi construída no século XIX e, por isso, não suportam todo esse fluxo de veículos. A trepidação causou rachaduras, azulejos antigos caíram", citou o morador da rua há 15 anos, Sérgio Ricardo Simão, de 51 anos.

    Ele lembrou que na época, em 2005, os moradores se mobilizaram por meio de um abaixo-assinado, que acabou dando início a ação civil pública no MPF. "O pedido, que até agora não foi atendido, é que a CPTrans encontre alternativas para o trânsito e que todo o trânsito não continue sendo desviado só para a nossa rua", disse o morador.

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    O aposentado Jorge Marcus, de 66 anos, que reside na rua desde 1969, também reclama do tráfego intenso. "A rua ficou muito agitada depois das mudanças. Em alguns horários fica difícil sair ou entrar em casa por causa dos engarrafamentos", disse o morador. Ele lembra ainda que com as trepidações devido à passagem de veículos pesados teve problemas na manutenção da casa. 

    Todas as casas da rua são tombadas pelo Iphan. Boa parte dos imóveis está em ótimo estado de conservação. Com o passar dos anos, os casarões foram sendo ocupados por empresas e atualmente são poucos os que são moradia. "A manutenção tem que ser frequente, para evitar que a casa caia. Manter esses imóveis, tombados, é caro, e com essa questão do trânsito pesado, as intervenções têm que ser redobradas. Temos esperança de que um dia teremos uma decisão judicial e possamos ter mais tranquilidade", concluiu Sérgio. Além dos problemas nos casarões, o tráfego intenso também gera problemas no calçamento: a rua está repleta de buracos e há pouca sinalização. 

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