Cidade enfrenta uma crise no serviço desde o ano passado, com diversas indefinições em relação a empresa responsável e aumento exorbitante de preços
Dados do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), apontam que 2.085 petropolitanos não têm acesso à coleta de lixo. Especialistas reforçam a importância da destinação correta de resíduos para a saúde e o meio ambiente.
“A poluição ambiental com produtos altamente tóxicos gerados nas indústrias e residências será capaz, em futuro mais próximo do que se pensa, de proporcionar uma condição ambiental tão tóxica que poderá comprometer negativamente o solo para a produção de alimentos e a água para consumo, inviabilizando a vida humana”, alertou o médico com mestrado em Saúde Pública e professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), Paulo Klingelhoefer de Sá.
O pesquisador em saúde pública do Depto de Saneamento e Saúde Pública da ENSP/Fiocruz, Jaime Oliveira, explica que, sem a coleta regular, a população busca outros meios de descartar os resíduos, o que pode causar poluição.
“O seu descarte no solo mesmo enterrado vai provocar a contaminação no solo e, consequentemente, na água subterrânea. No seu descarte no solo sem ser enterrado, o lixo a céu aberto (também chamado de lixão) deve, além de poluir o solo e o lençol freático, vai atrair vários agentes transmissores de diversas doenças como mosquitos, moscas e roedores. Em se queimando este lixo pode-se promover a formação de gases tóxicos e até gases do efeito estufa, poluindo a atmosfera. O descarte de lixo nos rios deve provocar o mesmo dano ambiental (ou até pior) ao causado pelo descarte de esgoto sanitário”, explicou.
“Vale destacar que existem resíduos que podem contaminar a água e o solo de tal forma que não existe tecnologia disponível para tratá-los”, complementa o professor da Unifase/FMP.
Outro problema apontado por Oliveira é o entupimento dos fluxos de água, provocando enchentes. “Ou seja, expondo a população a outros problemas de saúde pública como a Leptospirose, por exemplo”, disse.
Coleta problemática
Para todos os outros 276.796 que possuem acesso à coleta, o serviço também enfrenta problemas. Com o encerramento do contrato no ano passado, o governo municipal assinou acordos emergenciais, após as licitações serem alvo de contestações no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). Até o momento, dois processos licitatórios já foram anulados pela Corte de Contas e um aguarda julgamento.
Além disso, o Ministério Público do Rio de Janeiro investiga possível contratação emergencial forjada. Um inquérito civil foi instaurado.
Outro problema é que o contrato emergencial fez com que o valor do transbordo de resíduos urbanos quase triplicasse em menos de seis meses. Em julho, a PDCA cobrou do município o valor de R$ 59,03 a tonelada na última nota antes do fim do contrato. Já a AMI3, fechou um acordo no mesmo mês por R$ 103/tonelada. Em janeiro, em novo acordo com a AMI3, o preço da tonelada ficou em R$ 172,63.
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Procurada sobre a questão, a Prefeitura não respondeu.