• Doenças da hipófise podem desencadear distúrbios hormonais

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  • 15/05/2016 06:00

    A hipófise, também chamada de glândula mestra, é uma pequena glândula, do tamanho de uma ervilha, alojada na sela turca, que é uma região localizada no meio do crânio, atrás das cavidades oculares. Ela se divide em duas regiões: uma anterior, a adeno-hipófise, e uma posterior, a neuro- hipófise. A glândula é responsável pela produção de vários hormônios que vão atuar a distância no organismo, por isso é considerada tão importante. O problema é quando diferentes patologias acometem a glândula. Essas disfunções podem causar verdadeiros estragos no organismo das pessoas. 

    Isso porque, de acordo com a endocrinologista Cristiane Couto, vários hormônios são “administrados” pela hipófise. A adeno-hipófise, por exemplo, produz o LH e o FSH, que são os hormônios luteinizante e folículo estimulante, que vão atuar nas gônadas femininas ativando os folículos ovarianos e ciclo menstrual com a produção de estrogênio e progesterona e, nas gônadas masculinas, na produção de espermatozoides e testosterona; a prolactina, que atua nas glândulas mamárias estimulando a produção de leite materno; o ACTH, que age nas glândulas suprarrenais na produção de cortisol, aldosterona e androgrênios; o TSH, que estimula a tireoide a produzir os hormônios tireoidianos T3 e T4; e o Gh que além de funções de reparo tecidual, age no crescimento estatural. 

    Já a neuro-hipófise secreta a Ocitocina, é responsável principalmente pelas contrações uterinas no momento do parto; e a Vasopressina, por manter os eletrólitos e a manutenção volêmica. As patologias que acometem esta glândula geram excesso ou ausência de um ou mais hormônios. “Como cada hormônio é responsável por determinada função, é bem difícil para quem não é especialista, pensar em causas endócrinas para determinados sintomas. Por exemplo, uma pessoa que começa a beber água excessivamente e ainda assim sente muita sede, pode ter excesso de Vasopressina. Uma mulher que começa a ficar com o ciclo menstrual irregular e a secretar líquido nas mamas, pode ter um tumor secretor de prolactina. Um indivíduo que percebe que os anéis não cabem mais nos dedos, que continua trocando o número dos sapatos mesmo depois de adulto, pode ter um tumor secretor de Gh”, explicou a especialista.

    Doenças da hipófise são todas sérias e merecem total atenção, mas os tumores que crescem comprimindo o quiasma óptico, podem levar a alterações visuais e até à cegueira irreversível. Portanto, seria uma das causas mais graves de doenças hipofisárias. Mas de acordo com Cristiane, isso não diminui as outras causas, pois cada uma delas tem seu grau de gravidade. “Infelizmente não há como evitá-los, pois não é possível evitar tumores cerebrais. Mas a dica é: qualquer sinal diferente no organismo, procure um bom atendimento médico. Marque uma consulta para ser avaliado dos pés à cabeça. Emergências não fazem isso! Não é o indicado. Marque uma consulta e anote todos os sintomas diferentes para perguntar a seu médico. Da mesma forma que pode não ser nada, pode ser que haja uma patologia por trás dos sintomas”, alertou. 

    Outro ponto destacado pela endocrinologista, é a dificuldade no diagnóstico das patologias ligadas à hipófise. “Até o indivíduo chegar a um endocrinologista para o diagnóstico final, geralmente o paciente já sofreu bastante com os sintomas, é difícil pensar em causas endócrinas se o médico não for da área, pois os sintomas são muito vagos. Ele tem que estar bem atento às queixas do paciente. A medicina é vasta, centenas de novos estudos saem todos os dias, por isso temos hoje uma medicina subdividida em especialidades. Uma vez recebi uma paciente que relatava tomar 13 litros de água ao dia. Até chegar a mim, já tinha passado por várias outras especialidades. Até que um nefrologista pensou em uma causa hormonal e pediu que ela procurasse um endocrinologista. Quando descobrimos a causa e ela soube que o tratamento era somente um spray nasal, ficou totalmente aliviada. Mas até que isso ocorresse, ela permaneceu na angústia por 3 anos”, contou.

    Por isso é importante que ao notar algum problema ligado a algum dos sintomas acima, a pessoa procure um endocrinologista e explique a ele todas as alterações que ocorreram em seu organismo. Um detalhe pode levar o médico ao diagnóstico correto.

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