Charreteiros descobrem pelas redes sociais que não podem trabalhar e cobram promessas da prefeitura
Cadê as charretes elétricas? Essa foi a pergunta feita neste sábado (30) pelos charreteiros da cidade, que ficaram sabendo da proibição do serviço pelas redes sociais. O anúncio foi feito no início da noite desta sexta-feira, após um decreto realizado pelo prefeito Bernardo Rossi que estipula o término em definitivo do uso da tração animal em Petrópolis. O primeiro dia sem as tradicionais vitórias circulando em Petrópolis foi marcado por muita revolta, insegurança e tristeza entre a categoria. Isso porque, após definido o fim do serviço, os trabalhadores agora se veem sem emprego e desamparados. Reunidos em frente ao Museu Imperial eles cobraram as promessas feitas pelo governo.
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Segundo os charreteiros. 13 deles assinaram um acordo com a prefeitura para o fim do uso da tração animal, por conta da promessa do município de comprar charretes elétricas como forma de substituição. Apesar disso, após quase dois anos de muita polêmica, discussão, realização de um plebiscito, entre outras coisas, o serviço foi encerrado sem que as famílias tivessem respaldo do poder público.
“A prefeitura acaba com a nossa fonte de renda e sustento, um trabalho que passou de geração em geração e que é o único que sabemos exercer, e não nos ajuda com nada do que foi prometido? Sustento minha esposa, filhos e pais com o que ganho como charreteiro. Sem contar meus três cavalos, que geram um custo de cerca de R$ 400 por semana. Sem emprego, como vou cuidar deles? Querem que morramos de fome? Não poderiam ter encerrado as atividades sem nos dar outra opção. Afinal, já pensou ficar um mês com todas as contas vencendo, e pessoas e animais precisando comer, sem receber um tostão? Agora imagina não ter sequer um prazo para definição desse problema?”, questionou, indignado, o charreteiro Leonardo Monteiro, que sustenta cerca de nove pessoas.
Ainda de acordo com ele, quase 150 pessoas dependem atualmente, direta e indiretamente, do dinheiro proveniente do trabalho dos charreteiros. Ficamos sabendo do decreto feito pelo prefeito através das redes sociais! Não houve notificação, reunião, ou qualquer outra forma oficial de anúncio sobre essa decisão! O que somos? Não podemos ser tratados dessa forma, ainda mais por sermos arrimos de família. Me sinto ultrajado e excluído da sociedade. Disseram que seremos atendidos pelo Cras. Por acaso cesta básica enche barriga de cavalo? As pessoas não fazem ideia do custo que é manter três cavalos saudáveis. Porque sim, todos são muito bem tratados”, afirmou Roni da Silva.
E não foram apenas os charreteiros que ficaram indignados. A aposentada Ana Maria, que mora na Rua da Imperatriz desde 1966, afirma que o fim do serviço foi uma maldade. “Eu passo todos os dias aqui e sei que os cavalos são bem cuidados. Os charreteiros também nos tratam muito bem, e sempre ajudam os turistas. É muito triste ver uma tradição chegando ao fim. Eu trouxe muitos parentes e amigos para andar nas vitórias e sempre foi um sucesso. Não me conformo com esse plebiscito mal feito e com o fato de agora terem dezenas de famílias e cavalos, até agora bem cuidados, sem o mínimo de amparo por terem sido obrigados a parar de trabalhar”, afirmou.
O prefeito Bernardo Rossi decretou o fim do serviço nesta sexta-feira (29). A determinação foi publicada no Diário Oficial, em consideração ao resultado da consulta popular realizada em 7 de outubro de 2018, favorável ao fim da atividade. Segundo a prefeitura, as famílias dos charreteiros foram cadastradas na Secretaria de Assistência Social e está sendo estudado um serviço que substituirá o passeio turístico sem a utilização dos animais.