Talentos petropolitanos que elevam o nome da cidade no Brasil e no mundo: Henrique Avancini
“Eu pedalei ao redor do mundo inteiro para ter certeza que o meu local favorito para isso é Petrópolis.”
Henrique Avancini, 34 anos, cresceu praticamente na oficina de seu pai em Petrópolis, e despertou para o esporte ainda garoto. O contato com a natureza, as montanhas e as trilhas de terra, propiciado pela cidade e também por sua primeira bike, presente de seu maior incentivador, era só o começo de uma trajetória que ficaria marcada na história mundial do mountain bike.
“Ter nascido e crescido aqui foi uma grande sorte, uma grande benção, e de uma ajuda enorme para que eu me conhecesse como atleta e, posteriormente, me desenvolvesse. Eu cresci dentro de uma oficina de bike. Meu pai [Ruy Avancini] abriu a primeira loja dele aqui em Petrópolis em 1995. Pouco depois, ele me deu a primeira bike feita de sucata. Foi com ela que eu comecei a explorar as trilhas de Petrópolis, algumas delas por onde eu ando até hoje – quase 30 anos depois – e pude ir desenvolvendo o gosto pelo esporte, sempre muito apoiado, principalmente pelo meu pai. Tive muito apoio da minha família como um todo, mas ele sempre foi um grande apoiador das minhas escolhas, do que eu gostaria de fazer. Nunca me cobrou ou me pressionou, nem mesmo quando eu era número um no mundo, só pedia comprometimento em relação às minhas escolhas, seguir o que eu tinha escolhido seguir. Acho que essa foi uma grande lição que o meu pai passou pra mim”, conta.
Pioneirismo marcado na história do esporte
Atual manager da equipe Caloi Henrique Avancini Racing, o atleta petropolitano coleciona 140 vitórias ao longo de sua carreira. Avancini foi o primeiro atleta a vencer nas três primeiras modalidades do mountain bike: o short track (prova mais curta); o XCO (cross-country olímpico); e o XCM (maratona de mountain bike), além de ter sido pioneiro na conquista de grandes provas de campeonatos mundiais e copas do mundo nestas três modalidades.
Questionado sobre o título mais marcante de sua carreira, ele lembra de sua última conquista como atleta profissional. “Se eu tivesse que escolher uma como a mais importante, eu diria que foi o meu último título mundial, conquistado em 2023, na Escócia. Por ter concluído a minha carreira profissionalmente”, explica. Decisão essa que aconteceu por um conjunto de fatores pessoais, profissionais e emocionais.
“Senti que as pessoas começaram a enxergar a minha carreira de uma forma diferente, de uma forma que eu não desejava. Enfim, a mensagem que eu queria passar às pessoas foi compartilhada ao longo dos anos. Senti que era importante eu perseguir novos objetivos na minha vida, fazer outros projetos, enquanto eu ainda tinha tanta energia, empenho e envolvimento com o esporte. Nunca na história do esporte um atual campeão mundial se aposentou, mas acho que tive meus motivos e foi uma decisão que eu tomei muito em paz comigo mesmo”, compartilha.
Em 2023, Avancini lançou o documentário “Meu Motivo”, em que explica o que o levou à aposentadoria. “Quando eu decidi me aposentar, usei esse documentário como uma forma de ilustrar o que vinha passando, de mostrar para as pessoas o lado mais difícil do esporte, o lado humano do atleta, e também um pouco do que vinha sentindo. Acho que foi extremamente importante para quem me acompanha poder assistir, compreender de forma mais profunda sobre a minha carreira, a minha jornada e a minha decisão”, revela.
Recomeço
Sem competições, seus fãs e admiradores torcem agora por novas descobertas, mas com aquele quê de adrenalina, o que Avancini garante em sua nova fase. Em 2024, o atleta lançou a série “Expedições com Henrique Avancini”, em que desbrava seis estados diferentes através de 12 expedições.
Questionado sobre o que o motivou a produzir a série, o petropolitano conta que era algo que sempre desejou fazer. “É um projeto muito legal, criado muito mais como um objetivo pessoal. Primeiro, eu queria visitar os locais que eu sempre desejei conhecer, mas, às vezes, por questões de compromissos, falta de tempo e comprometimento com as competições, não tinha a chance. Acho que é uma fase em que eu posso me permitir explorar e me aventurar em projetos diferentes. Acabei pensando em compartilhar mais sobre essa jornada com essas pessoas, agregando valor, trazendo boas lições para quem me acompanha. Foi uma forma que eu encontrei de continuar estimulando o esporte e a bike no Brasil, sem necessariamente ser um atleta profissional e estar em destaque em grandes competições, mas simplesmente compartilhando mais do dia a dia de alguém que curte a bike, que curte se preparar, se desafiar, não como profissional, mas por ser um esporte e um estilo de vida que eu aprecio”, explica.
Além da série, que só no primeiro episódio já rendeu mais de 65 mil visualizações no YouTube, este ano, Henrique Avancini assumiu a posição de manager da equipe Equipe Caloi / Henrique Avancini Racing. Um feito que remonta o início de sua carreira, uma espécie de recomeço, já que o projeto foi criado com o pai, Ruy Avancini, há mais de dez anos.
O primeiro episódio da série “Expedições com Henrique Avancini” se passa na Serra da Estrela/Torres do Morin, considerada a terceira subida mais difícil do Brasil, com um convidado especial, o petropolitano Wolfgang Soares Olsen.
E por falar em recomeço, o petropolitano vai completar 35 anos este mês (30 de março). Questionado sobre o que espera desse novo ciclo, Avancini não perde o bom humor. “Eu sou como Petrópolis, parece que eu sou velho, mas eu tenho muita coisa para crescer, melhorar, desenvolver [risos]. Olho para trás e enxergo uma história muito bonita, assim como Petrópolis, mas também olho para frente e para o alto, como diz o nosso hino. Pretendo continuar desenvolvendo projetos interessantes, vivendo, aprendendo, crescendo. Dessa forma que eu encaro esse novo ciclo na minha vida”, conclui.