A semana foi agitada nos bastidores da política de Petrópolis, devido às mudanças na direção municipal do PSD. Após ser retirada da presidência da sigla, a advogada Rosângela Stumpf denunciou o que chamou de “machismo estrutural nos partidos”. Também citou divergências entre ela e o atual presidente do partido e da Câmara de Vereadores, Júnior Coruja.
“No período em que o Tribunal Superior Eleitoral e vários órgãos fazem a campanha da mulher na política, a gente que está dentro é discriminada a todo momento”, disse a advogada.
No ano passado, Rosângela foi reconduzida à presidência municipal do PSD após um hiato. À época, o deputado federal licenciado e secretário estadual de Energia e Economia do Mar, Hugo Leal, era visto como pré-candidato a prefeito. Porém, um acordo entre os diretórios estadual e federal deve levar o partido a apoiar Rubens Bomtempo nas eleições de Petrópolis, em troca do apoio do PSB a Eduardo Paes no Rio.
A aproximação dos dois partidos já era tentada há algum tempo. Fontes informaram à Tribuna que Stumpf chegou a receber convites para fazer parte do governo Bomtempo, mas rejeitou, por desejar apoiar Hingo Hammes. Nisso, o vereador Júnior Coruja, aliado do atual prefeito, foi anunciado como o novo presidente municipal da sigla, ao lado de Leal e do deputado federal Pedro Paulo.
Para Rosângela, a situação poderia ter sido debatida entre os partidários. Se isso acontecesse e ela fosse voto vencido, continuaria e cumpriria as determinações que a maioria determinou. “Mas é mais fácil tirar, principalmente porque é mulher e discorda das coisas”, reclamou.
Esta também não é a primeira vez que o partido enfrenta problemas de gênero. Em outubro do ano passado, a vereadora Gilda Beatriz renunciou ao cargo de primeira secretária da Câmara de Vereadores, alegando discriminação, expondo uma série de episódios em relação à presidência da Casa, também ocupada por Coruja.
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Rosângela também informou que os problemas com Coruja vêm desde a época em que os dois trabalhavam no gabinete do então vereador Leandro Azevedo, na legislatura passada. “A coisa vem lá de trás”, apontou.
O apoio a Bomtempo também deve pesar para o partido. Gilda, que é vereadora de oposição, já anunciou que não ficará na sigla. Outros filiados também devem seguir o caminho da vereadora.
O vereador Júnior Coruja disse que assumiu a presidência do partido a convite do líder estadual da sigla, o deputado federal Pedro Paulo. Afirmou ainda que recebeu apoio de figuras importantes, como Hugo Leal e Eduardo Paes (leia o posicionamento na íntegra ao final da matéria). Disse estar à disposição para qualquer esclarecimento.
“Estou comprometido com a igualdade e a justiça em todas as esferas da minha atuação política. Sigo cuidando do meu mandato com a dedicação e trabalho de sempre e continuaremos empenhados em fazer o melhor para Petrópolis e lutar incansavelmente para conquistar vagas no legislativo municipal”, disse.
O PSD também não respondeu ao e-mail enviado pela reportagem. Já o deputado federal licenciado, Hugo Leal, não vai se manifestar.
Veja a íntegra da nota de Júnior Coruja:
“Primeiramente, gostaria de agradecer a oportunidade de esclarecer alguns pontos importantes. Assumi a presidência do PSD a convite do líder estadual da sigla, o deputado federal Pedro Paulo, com o apoio de figuras importantes como o deputado federal Hugo Leal e o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
Estou comprometido com a igualdade e a justiça em todas as esferas da minha atuação política. Sigo cuidando do meu mandato com a dedicação e trabalho de sempre e continuaremos empenhados em fazer o melhor para Petrópolis e lutar incansavelmente para conquistar vagas no legislativo municipal.
Estou à disposição para qualquer esclarecimento adicional que a imprensa ou o público possam necessitar. Obrigado pela atenção.”