• ‘Beleza Fatal’: o que se sabe sobre a primeira novela original da Max na América Latina

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  • 27/fev 15:32
    Por Redação / Estadão

    Sim, Beleza Fatal será uma novela. A primeira produção do gênero da Max (que, até ontem se chamada HBO; entenda o que muda) na América Latina terá apenas 40 capítulos, formato costumeiramente usado para séries ou minisséries, e todos os elementos de uma produção do gênero: melodrama, ganchos típicos de folhetins televisivos e, principalmente, será feita, no geral, por profissionais – atores e diretores – criadores e crias do modo consagrado da TV aberta.

    Escrita por Raphael Montes – autor do livro e da série Bom Dia, Verônica -, Beleza Fatal terá supervisão geral de Silvio de Abreu e direção de Maria de Médicis. Monica Albuquerque, também ex-TV Globo, está à frente da diretoria de gestão e talentos da Warner Bros. Discovery, ao qual a Max pertence.

    Mais novela impossível, não? Vai além: terá como protagonistas atrizes e atores familiares para os fãs do gênero: Camila Pitanga, Giovanna Antonelli, Camila Queiroz, Herson Capri e Caio Blat.

    Estreia

    A novela não tem data certa de estreia, mas entrará no ar – ainda em formato a ser definido – antes de Dona Beja, outra novela brasileira que vem sendo produzida pela Max. Será uma história fechada, ou seja, não sofrerá com a influência da audiência, que tem poder de alterar o destino de tramas e personagens na televisão aberta.

    Set e personagens de Beleza Fatal

    A reportagem do Estadão visitou o set de Beleza Fatal em São Paulo no dia 20 de fevereiro. Embora a história se passe no Rio de Janeiro, boa parte das gravações, que devem se encerrar nas próximas semanas, ocorre em um imenso galpão que abrigava uma fábrica de turbinas na cidade de Osasco, vizinha de São Paulo.

    É nesse galpão transformado em estúdios que estão montados os principais cenários de Beleza Fatal. Um deles é o da LolaLand, clínica de estética de Lola, a vilã interpretada por Camila Pitanga. Lola tem um segredo que remete à primeira fase da novela – condensada nos cinco primeiros capítulos.

    Mulher que ascende socialmente, Lola consegue abrir sua clínica de estética, mas será vítima do desejo de vingança nutrido por sua sobrinha, Sofia, personagem de Camila Queiroz. Sofia entra na vida de Lola e passa a trabalhar em sua clínica com objetivo de revidar a prisão de sua mãe, vítima de uma injustiça de Lola. Entre uma e outra está Elvira Paixão, interpretada por Giovanna Antonelli, um tipo bem popular.

    Camila Queiroz diz que Sofia tem tripla personalidade. “A busca dela por vingança vira uma obsessão e admiração. Até onde ela quer se vingar ou ser a Lola? Isso se confunde dentro dela. Ela sempre precisará dar um passo maior. Não é uma mocinha clássica”, explica a atriz.

    Para Camila Pitanga, sua personagem é retrato de uma classe dominante. “Lola é uma vilã passional. Ela é muito dissimulada para seus adversários, não tem pudor em humilhar ou destruir uma pessoa. Mas, aos olhos do público, é transparente. Isso deve gerar certa empatia com o telespectador”, avalia Camila Pitanga.

    Uma vilã clássica, portanto. Odete Roitman (Vale Tudo), Raquel (Mulheres de Areia), Carminha (Avenida Brasil) e Irene (Terra e Paixão) ganharam fãs e entraram para a história das telenovelas, mesmo com todo arsenal de maldades que usaram durante suas curtas vidas de oito meses, o tempo de uma novela.

    Estética e padrões de beleza

    Lola, entretanto, tem um elemento bastante atual: representa a procura literalmente desmedida pela estética de rosto e corpo. Tudo será possível em LolaLand, sua clínica decorada em tons de rosa, branco e dourado – e sempre com um champanhe no gelo à espera de seus clientes.

    “Ela representa a artificialidade de quando você está presa no mundo da beleza padrão, de um tipo de aparência. É disso que ela vive”, diz Camila.

    Na história, o antagonismo também se dá nessa questão. De um lado está LolaLand, onde tudo é possível. Do outro, a renomada clínica do cirurgião plástico Heitor Argento, personagem do ator Herson Capri. Uma espécie de Ivo Pitanguy. Aparelhos reais usados em centro cirúrgicos foram levados para o set de Beleza Fatal.

    Capri, que trabalhou na TV Globo por 35 anos, onde fez novelas como Felicidade (203 capítulos) e Renascer (213 capítulos), recebe um personagem cujo arco dramático se desenvolve em 40 episódios. Uma oportunidade, segundo ele, de ser fiel ao seu feeling de ator.

    “Eu sei para onde eu vou. Me dá mais confiança de ser mais profundo. Em uma novela aberta, muitas vezes, eu invisto em algo que, lá para frente, posso ter que mudar”, diz.

    A casa utilizada nas cenas da família de Átila Argento fica no Morumbi. O interior foi reproduzido com detalhes nos estúdios em Osasco. Fazem parte desse núcleo ainda os atores Marcelo Serrado, Murilo Rosa, Julia Stockler, Caio Blat e Augusto Madeira.

    Desafio no streaming

    Beleza Fatal, de Raphael Montes, terá um “piquezinho” de série, diz a diretora geral da novela, Maria de Médicis. Para Maria, que faz questão de reforçar que a produção é, de fato, uma novela, essa é uma característica do texto de Montes.

    Isso tem a ver, obviamente, com o número de capítulos. Tudo deve ocorrer de maneira mais ágil na trama. “Não há cenas de ‘oi, tudo bem?’. É tudo mais vibrante, compacto, e repleto de acontecimentos”, afirma a diretora.

    Sem a necessidade de retomar histórias a todo instante – como é de praxe nas novelas tradicionais -, o texto, acredita a diretora, se torna mais “rico”, com diálogos realmente interessantes e profundos. Maria recebeu a novela inteira, antes mesmo de iniciar as gravações.

    Herson Capri afirma estar na expectativa sobre como Beleza Fatal será recebida. Para ele, é um momento de transição. “Temos uma questão social. Nem todo mundo no Brasil pode ter assinatura de uma plataforma de streaming. Devia ser a educação, mas foram as novelas e a TV aberta que se tornaram um fator de integração nacional”, diz o ator.

    Para Capri, por outro lado, uma novela no streaming dará o poder de escolha ao espectador. Ele quer ou não assistir àquele conteúdo? “Com isso, pode-se ir mais profundamente em questões éticas, do racismo, da misoginia, do racismo, da homofobia. Todas essas questões estão colocadas em Beleza Fatal de uma maneira que eu nunca havia feito antes”, analisa.

    Para Maria de Médicis, a incursão das plataformas de streaming no gênero das telenovelas vai ajudar com que elas se popularizem entre o público. Outro desafio será a adaptação das plataformas em viabilizar orçamentos – a Globo, por exemplo, já tem uma fábrica de novelas estruturada – para que os custos de produção se tornem viáveis, sobretudo em obras maiores.

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