• Mulheres petropolitanas se destacam em atividades dominadas por homens

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  • 07/03/2019 18:33

    Talvez nunca se tenha discutido tanto a representatividade e o protagonismo feminino como tem sido hoje. Cada dia fica mais claro que o enfrentamento à cultura do machismo tem impulsionado mulheres a fazerem-se mais presentes nos espaços. Desconstruindo o mito da fragilidade feminina, as mulheres têm começado a afirmar sua independência e conquistado cargos de destaque e liderança. No Dia Internacional da Mulher, a força e a resistência são as palavras de ordem para representar essa geração.

    “A gente pensa que o trabalho não está sendo visto e não percebe que está virando destaque. Quando fui convidada para assumir a função de subcomandante, e mais tarde o comando interino da Guarda Civil, passou um filme na minha cabeça. Eu faço parte da história da Guarda”, disse Cláudia da Conceição, a primeira mulher comandante da Guarda Civil desde a sua fundação, em 1924.

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    Cláudia faz parte da turma do primeiro concurso que integrou mulheres na Guarda, em 1997. Com 51 anos e mãe de dois filhos, a comandante é destaque entre os agentes e conquistou a promoção com dedicação e reconhecimento. “O trabalho feminino é diferente tanto na abordagem como no enfrentamento das situações. Não abordamos com truculência, mas com educação. E isso não quer dizer que somos sexo frágil, a mulher é forte e a conquista do respeito e espaço vem disso”, contou. 

    A corporação possui 14 agentes femininas e a comandante é referência para as guardas. Além das diversas funções pelas quais passou nestes 22 anos, hoje é também a responsável pela Ronda Escolar. “O trabalho na ronda escolar é muito gratificante. Porque nas pequenas coisas, fazemos a diferença na vida de alguém. Isso não tem preço”, completou.

    Se para alcançar um cargo é preciso se dedicar e ter disciplina, quando se é mulher o empenho tem que ser em dobro. Estudando pelo menos dez horas por dia para o concurso da Polícia Civil, a delegada titular da 106 ª Delegacia de Polícia Civil, Juliana Ziehe, provou por seus méritos que é a pessoa ideal para a função. Quando passou no concurso para delegada tinha 26 anos e, segundo ela, o primeiro desafio foi provar que, embora jovem, tinha todas as competências para exercer a função.

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    Para a delegada, hoje as mulheres estão ocupando mais cargos dentro da Polícia Civil. Na 106ª DP, 50% dos policiais são mulheres. “A mulher tem que provar o tempo todo que é competente, que está naquela posição pelos seus méritos. Enfrentei muito isso no começo, por ser jovem. São desafios que vamos enfrentando. O principal, com certeza, foi essa desconfiança”, contou.

    Há um ano titular da 106ª DP, a delegada participa de todas as operações junto com a sua equipe. “Sem dúvidas a sensibilidade da mulher me ajuda diariamente no meu trabalho. Quando atendo uma mulher vítima de violência, por exemplo, por ser mãe e por ser mulher, eu tenho mais facilidade de me colocar no lugar dela. São os dois lados, o olhar feminino e a fortaleza que a profissão me exige”, disse.

    O tempo é dividido entre a realização do sonho profissional e o sonho da maternidade, e a delegada não é a única. A vereadora Gilda Beatriz, vendo os desafios que sua filha que tem síndrome de down enfrentava, ingressou na política como uma forma de contribuir para a criação de políticas públicas para as pessoas com deficiência. Ela se candidatou três vezes. Na última eleição, foi a vereadora mais votada. É, atualmente, a única mulher na bancada legislativa e quarta na história da Câmara Municipal.

    A primeira mulher a ocupar uma cadeira no legislativo foi a vereadora Wilma Borsato, em 1988. “Não só aqui, mas o número de mulheres na política é mínimo. As mulheres são hoje o maior número de eleitoras e ainda assim não há tanta representação no legislativo. Isso é ruim, porque políticas que são criadas exclusivamente por homens tendem a serem voltadas para os homens”, disse Gilda.

    Além dos desafios como vereadora em uma bancada com outros quatorze homens, Gilda enfrentou desafios pessoais que mudaram sua vida. Começando pelos 45 kg que emagreceu, após se acidentar em casa. Para ela, a mudança nos hábitos alimentares a transformou em outra pessoa. “Todos esses desafios que passei, sem dúvida, fizeram de mim uma mulher ainda mais forte. É a prova de que uma atitude pode mudar tudo”, completou.

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