• Caetano Veloso impõe silêncio para ‘Transa’ em segundo dia do Festival de Verão

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  • 29/jan 10:31
    Por Danilo Casaletti / Estadão

    Transa no Festival de Verão de Salvador poderia ter sido o show no lugar certo – afinal, Caetano Veloso criou o lendário disco depois de uma rápida visita à Bahia durante seu exilio em Londres -, mas no horário errado.

    Caetano entrou no palco do Festival por volta das 0h30. Logo após o apoteótico show de Leo Santana, o rei do pagodão baiano.

    O disco Transa é oposto do clima de festa de Santana. É introspectivo, nostálgico e roça na melancolia.

    Mas Caetano é Caetano. Sobretudo na sua Bahia. Impôs o ‘silêncio’ necessário para que o festival ouvisse músicas como You don’t know me, Maria Bethânia e It’s a long way. Todas as músicas do roteiro foram cantadas pelo público. Até mesmo The Empty Boat, que nem de Transa é.

    Caetano seguiu à risca o roteiro que havia apresentado no Rio de Janeiro e em São Paulo. Resistiu à tentação de incluir qualquer um de seus sucessos para agradar um público de um festival que, no mesmo dia, assistiu a apresentações de Glória Groove e Thiaguinho.

    Embora seja simbólico ver Caetano relembrar Transa. Também pela presença de músicos que tocaram na gravação do LP em 1972, Jards Macalé, Tutty Moreno e Aureo de Souza – o baixista Moacyr Albuquerque morreu em 2020.

    No entanto, o show Transa, que Caetano havia jurado que não faria mais – ele foi concebido para uma única apresentação no festival Doce Maravilha, em 2023 – parece não agradar ou alegrar tanto Caetano. Por isso, exita em transformá-lo em turnê. Caetano tem lá suas razões.

    Gloria Groove acerta em show focado na música e vozeirão de Péricles

    Segunda atração do último dia do Festival de Verão de Salvador, a cantora Glória Groove deixou de lado certa megalomania de cenários e adereços como fez no show que apresentou no The Town, em setembro de 2023.

    Sem tantas distrações – para ela e para o público – sua música pop turbinada pelo funk se sobressaiu, sobretudo por contar com o apoio de uma banda bem entrosada. A cantora viu a plateia cantar músicas como Leilão , Vermelho e A Queda.

    Com o cantor Péricles, seu convidado, cantou uma versão de Overjoyed, de Stevie Wonder, em dueto já feito anteriormente para a televisão. Péricles, exímio – e inteligente – cantor mostrou que maneja muito bem seu vozeirão em diferentes gêneros.

    Em momento afetivo para ambos, Anjo, do repertório do grupo Roupa Nova, foi outra que uniu as vozes de Glória e Péricles.

    Deu liga. Quando o show terminou, o público ficou pedindo mais.

    Thiaguinho levou seu pagode e abriu espaço para o samba de Maria Rita

    Estourado no mercado por conta de seu projeto Tardezinha, que vem lotando estádios pelo país, Thiaguinho, enfim, fez sua estreia como atração do Festival de Verão.

    Pisando em solo do pagodão baiano, o cantor se sentiu seguro em repertório de sucessos, como Ousadia e Alegria, Falta Você, Buquê de Flores e Poderosa.

    Ao chamar Maria Rita ao palco, repetindo versão pagodeada da valsa Fascinação que gravaram juntos para no projeto Meu Nome é Thiago André, eles trocaram afinidades e elogios.

    Depois, abriram espaço para o samba em canções como Cara Valente, Vou Festejar e Conselho.

    Lulu Santos exalta parceria com Grabriel , O Pensador: “Demorou para achar alguém que realmente compensasse”

    Pela quarta vez no Festival, Lulu brincou que já é destino e não acidente ser chamado para o evento.

    O cantor e compositor não costuma ter problema para empolgar o público, já que tem uma lista se hits.

    Cantou todos eles. Não tinha como errar: O Ultimo Romântico, Assim Caminha a Humanidade e Tudo Azul.

    Quem trouxe alguma novidade foi Gabriel, O Pensador, seu convidado.

    “Demorou para eu encontrar uma parceria artística que realmente compensa”, disse Lulu.

    Pensador mostrou Maresia 2 , música que lançou recentemente com participação do rappper Xamã e de Lulu. O índio agora é um cacique e a letra aborda questões como a polarização do País, a violência, a demarcação de terras indígenas e a canabis medicinal.

    Ao cantar Lua de Mel, Lulu mudou a letra pra homenagear a amiga para quem deu alguns sucessos, a cantora Gal Costa.

    “Eu tô morando no pedaço do céu, ouvindo Gal Costa”, cantou.

    Daniela Mercury cumpre a promessa de exaltar o Ilê Aiyê

    Em entrevista ao Estadão dias antes de sua apresentação no festival, Daniela disse que seu show, que teve o Ilê Aiyê e a cantora Margareth Menezes como convidados, iria colocar o bloco afro como protagonista.

    Com um vestido vermelho, Daniela entrou no palco para cantar O Canto da Cidade como se anunciasse que as cores de Salvador fossem as do Ilê, nascido há 50 anos na capital baiana.

    Ao cantar O Mais Belo dos Belos, música que está em seu disco de 1993 e que fala sobre o Ilê, Daniela deu a deixa para a percussão e os dançarinos do bloco entrassem no palco.

    Daniela não apenas reverenciou ou se valeu do toque e da dança do bloco, convidou todas a serem protagonista, ocupando o centro do palco e a passarela que leva ao público.

    Graça Onasilê e Juarez, vocalistas do Ilê, tiveram seus momentos solos.

    Margareth Menezes entrou no palco vestida de amarelo, outra cor presente no bloco. Mais à vontade do que em janeiro de 2023, quando havia acabado de assumir o Ministério da Cultura, matou a saudade do carnaval baiano – para o qual ela voltará neste ano – com os sucessos Faraó Divindade, Raça Negra e Dandalunda.

    No final, Daniela, Margareth e Ilê terminaram o show juntos, em uma mensagem de que blocos afros como o Ilê, que deram régua e compasso para o carnaval baiano, merecem também o protagonismo na folia.

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