Morte de detento por asfixia: instituição católica apela contra execução ‘bárbara’ nos EUA
A Comunidade de Santo Egídio, a instituição de caridade católica com sede em Roma e ligada ao Vaticano, lançou um apelo urgente nesta terça-feira, 23, para que o Estado norte-americano do Alabama suspenda uma execução planejada para esta semana.
O detento Kenneth Smith, 58 anos, tem a execução agendada para quinta-feira, 25, quando uma máscara tipo respirador será colocada em seu rosto com nitrogênio puro, o que o levaria a morte por asfixia. Para a instituição, o método, inédito nos EUA, é “bárbaro” e “incivilizado” e traria “vergonha indelével” ao Estado.
Há décadas que a Comunidade de Santo Egídio faz pressão para abolir a pena de morte em todo o mundo.
A menos que seja impedido pelos tribunais, Smith será executado pelo assassinato por encomenda da mulher de um pastor, em 1988. Nos processos judiciais, o Alabama declarou que Smith usará uma máscara de gás e que o ar respirável será substituído por nitrogênio, privando-o do oxigênio necessário para se manter vivo.
“Em muitos aspectos, o Alabama parece ter a terrível ambição de estabelecer um novo padrão de humanidade, mais baixo, no já questionável e bárbaro mundo das execuções”, disse Mario Marazziti, responsável pelo grupo de abolição da pena de morte de Santo Egídio, durante entrevista coletiva concedida em Roma.
“Pedimos que esta execução seja suspensa, porque o mundo não se pode dar ao luxo de regredir para a fase de matar de uma forma mais bárbara”, disse Marazziti .
Petição com 15.000 assinaturas
Na semana passada, o gabinete do procurador-geral do Alabama disse aos juízes do tribunal federal de recursos que a hipóxia de nitrogênio é “o método de execução mais indolor e humano conhecido pelo homem”. Entretanto, alguns médicos e críticos dizem que os efeitos e o que exatamente Smith sentirá são desconhecidos.
Uma petição da Comunidade de Santo Egídio pedindo à governadora do Alabama, Kay Ivey, que conceda clemência a Smith foi assinada por 15.000 pessoas, disseram as autoridades aos repórteres.
Marazziti observou que, em todo o mundo, a tendência tem sido a abolição da pena de morte. De acordo com a Anistia Internacional, 112 países a aboliram completamente, enquanto outros não a praticam.
Entre os que ainda praticam a pena de morte, a China, o Irã, a Arábia Saudita, o Egito e os Estados Unidos foram os países que registraram mais execuções em 2022, segundo a Anistia.
O papa Francisco declarou, em 2018, que a pena de morte é inadmissível em todos os casos.
O Alabama tentou executar Smith por injeção letal em 2022, mas o estado cancelou a execução antes que as drogas letais fossem administradas porque as autoridades não conseguiram conectar as duas linhas intravenosas necessárias às veias de Smith. Smith ficou amarrado à maca por quase quatro horas durante a tentativa de execução, disseram seus advogados.
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