Nacionalismo e chauvinismo
Dentre os espécimes que povoam nossa variada fauna política merece destaque a figura do chauvinista. Descrito como um nacionalista exagerado, o chauvinista difere de seu congênere, o xenófobo, no que diz respeito ao seu amor pelo Brasil. Ao passo que o xenófobo vê no estrangeiro a causa da sua ruína, o chauvinista encontra nele a solução.
Fruto de um nacionalismo tosco e mal acabado, esta vertente da mediocridade ressurgiu nas manifestações pequeno-burguesas de julho de 2013 e vêm se reafirmando desde então graças ao terreno favorável que encontrou. Ambiente de crise e insatisfação popular são ingredientes indispensáveis para as propostas que pregam soluções rasteiras para problemas complexos, daí seu sucesso.
Tal qual o mentecapto, o chauvinista também baba e esmurra o peito com fervor colocando o Brasil acima de tudo, mas apenas no discurso. Diferente do nacionalista, ele não vê qualquer problema em alienar o futuro da nação ao estrangeiro, vendendo o patrimônio público a preço de banana enquanto vocifera chavões moralistas e frases de efeito como: “Brasil em primeiro lugar”, “Meu partido é o Brasil” etc.
Assim, a pretexto de salvar o país do socialismo, prepara-se a liquidação de nossa maior riqueza, o pré-sal, o desmanche do Estado e dos já precários serviços públicos e a privatização de inúmeras empresas estatais construídas ao longo de anos pelo povo brasileiro.
Lamentável que a surrada cantilena anticomunista ainda faça efeito ressuscitando os fantasmas do passado, mas serve também para atestar o baixo nível de consciência política imperante e os instrumentos que daí resultam, bem como o longo e difícil caminho a ser trilhado na superação do retrocesso que se instalou no país.