Em ‘Mergulho Noturno’, piscina é vilã de trama com toques de Stephen King
Em Mergulho Noturno, em cartaz nos cinemas brasileiros, uma família compra uma nova casa quando o pai é diagnosticado com esclerose múltipla. Ter uma piscina é uma forma de ele fazer hidroterapia e de as crianças se divertirem. O que eles não esperavam é que a piscina fosse amaldiçoada. Ela serve como um espaço de cura para o pai, que sente a doença regredir. Mas filhos e mãe passam a ver coisas na água.
“Lembrei como era ser criança”, disse o diretor Bryce McGuire para o site The Wrap. “Era um medo irracional da piscina que tínhamos, como se houvesse algo horrível nas águas abaixo de nós.”
Na primeira hora de filme, McGuire desperta essas memórias. Com uma câmera inventiva, sabe como resgatar medos e colocar personagens em situações extremas.
É um terror sobrenatural, sim, mas que flerta com coisas reais e lembra bastante a literatura de Stephen King, que consegue fazer qualquer coisa (cães, carros, hotéis, celulares) ser agente transformadora do caos. O problema surge quando o diretor tenta encontrar algo além da piscina, ao aprofundar a mitologia por trás daquela espécie de entidade no quintal. “Queria que a piscina fosse a vilã, mas sabia que precisava haver mais do que a água assustadora”, admitiu.
Nesse ponto, o filme se afasta de Stephen King – que aceita a maldade como finalidade – e se aproxima de um terror convencional. Há água preta escorrendo do rosto de pessoas, gente possuída, um passado desconcertante… Tudo o que já vimos por aí.
Cômico
Mergulho Noturno seria mais interessante se McGuire tivesse abraçado apenas a ideia inicial de uma piscina puramente demoníaca. Ir além disso deixa tudo estranhamente cômico.
Ainda assim, vale a tentativa. Afinal, em um cinema cada vez mais mergulhado em reboots dos mesmos vilões, assassinos e personagens, são refrescantes ideias como esta, que tentam criar monstros para a geração mais nova que está descobrindo o cinema.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.