Comunidades e PMP divergem sobre número de doenças transmitidas pelo A. aegypti
Depois dos mais de 20 casos de chikungunya relatados por moradores do Meio da Serra, moradores da Vila Rica contabilizam pelo menos outras 20 pessoas com suspeita da doença. Segundo a prefeitura, Petrópolis registrou até o momento 55 casos suspeitos de "doenças transmitidas pelo Aedes aegypti", 11 deles oriundos do município de Magé. Do total, apenas cinco foram confirmados como sendo chikungunya e um como dengue. Os demais, segundo a secretaria de Saúde, seguem em análise. Em busca de diagnóstico preciso, uma moradora conta que chegou a pagar pelo exame na rede particular.
O número de casos suspeitos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti tem alarmado as comunidades. “Aqui é mais fácil dizer quem não ficou doente", disse a dona de casa Ester Desaveri, de 46 anos, moradora da Vila Rica. "Inclusive tem casos muito graves. Lá em casa, eu e minha filha ficamos doentes”.
A confeiteira Jeniffer de Oliveira, de 28 anos, conta que no seu caso a fase mais aguda da doença já passou. Entretanto, ela relatou ainda sentir incômodos pelo corpo. “Tanto eu quanto meu marido contraímos a doença poucos dias depois do Natal, e apresentamos todos os sintomas. Eu já estou melhor, mas até hoje as articulações doem e me incomodam. Ficamos cobertos de manchas avermelhadas, coceira e dores por todo o corpo. E isso está acontecendo na localidade toda. Só descobrimos o diagnóstico porque pagamos pelo exame particular, que custa mais de R$ 500,00”, disse.
Segundo os moradores, agentes de saúde da prefeitura realizaram ações de prevenção e combate aos focos da doença no final do ano passado. As ações instruem sobre regras básicas, como eliminar toda água parada em pratinhos de plantas, pneus e outros recipientes, que funcionam como criadouros para o Aedes aegypti, bem como não deixar lixo acumulado. Entretanto, eles acreditam que o córrego que atravessa a localidade, a coleta ineficiente de lixo e moradores que impedem a entrada de agentes prejudiquem a saúde coletiva.
“Além desse córrego imundo e poluído aqui, que é com certeza o principal foco, tem muito lixo, principalmente na caçamba aqui da rua, que dificilmente é recolhida com frequência. Ali deve haver um grande foco para os mosquitos também, já que até mesmo uma tampinha de garrafa é o suficiente. As pessoas modem morrer”, desabafou Ester.
“O diagnóstico da UPA não acusa a doença, e a gente fica de mãos atadas mesmo tendo todos os sintomas. Eles só encaminham pra um exame especializado se você ficar indo lá todos os dias com dores e sofrendo naquela espera. Fora isso, eles só mandam você voltar pra casa e beber muito líquido. O ruim é que muitas pessoas sequer sabem o que está acontecendo, já que não vejo a prefeitura realizando nenhuma ação de prevenção”, relembrou a dona de casa Maria Amélia Azevedo, de 57 anos, moradora do Meio da Serra que também sofreu com a doença no mês passado.
Questionada sobre a situação, a prefeitura informou em nota que o resultado do primeiro Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa) aponta baixo risco de infestação pelo mosquito Aedes aegypti nos cinco distritos de Petrópolis. A prefeitura também informou que dos 55 casos suspeitos notificados à secretaria de Saúde, 11 são de pessoas provenientes do município de Magé. Apenas dois casos suspeitos de doenças transmitidas pelo mosquito foram registrados na Vila Rica.