Na era digital, como anda o fluxo das bibliotecas petropolitanas?
As páginas reúnem poesia, verso, prosa, crônicas, novelas e até provérbios. Os títulos podem trazer emoções, sensações e lembranças que acalentam o coração e a alma. Nas estantes encontramos assuntos variados, páginas brancas ou amarelas, além de histórias e mistérios com um gostinho de quero mais. Com os livros muita gente ri, chora, aprende e se envolve com as mais distintas tramas. Mas em meio a era digital, como fica o fluxo de visitantes nas bibliotecas? Será que ainda existe quem se envolva com as centenas de prateleiras, milhares de livros e variados volumes? E quando a bola da vez é a pesquisa? Enciclopédias ou sites de busca virtual?
Foto: Bruno Avellar
A principal biblioteca da cidade reúne cerca de quarenta mil pessoas por ano. Situada no Centro de Cultura Raul de Leoni, o espaço que se chama “Gabriela Mistral”, tem mais de 150 mil volumes em seu acervo. Durante todos os dias em que permanece aberta, abriga pessoas das mais variadas idades, perfis e que buscam distintas obras. “Uma de nossas peculiaridades é abrigar o arquivo histórico e administrativo público municipal. Isso pode auxiliar o cidadão comum no andamento de processos, mas também trazer conteúdos importantes sobre a cidade, desde os primórdios até hoje em dia. Reunimos ainda todos os jornais publicados em Petrópolis até hoje, catalogados e à disposição do público que pode conhecer essa história”, explica a gerente Maria Luiza Rocha.
A Universidade Católica de Petrópolis reúne duas bibliotecas nos campi que tem na cidade. Segundo a bibliotecária Marlena Pereira, mesmo diante da era digital, grande parte dos alunos prefere o material impresso e ainda há aqueles que não conseguem localizar tudo o que precisam pela internet. Um dos motivos que pode potencializar a frequência dos estudantes no espaço, é a integração do conteúdo das salas de aula, com a infinidade de materiais complementares. “A biblioteca tem foco universitário e disponibiliza volumes que possam complementar no estudo dos alunos. A força dos professores em sala de aula determinando as pesquisas é importante para que os estudantes tenham esse estímulo. A biblioteca na verdade é uma extensão daquele espaço, onde o aluno poderá contar com recursos para a pesquisa”, conta.
Foto: Bruno Avellar
Maristela Justen se formou em direito e está estudando para um concurso público. Um dia sim e um não, ela vai até a biblioteca da universidade, para dar uma passada no conteúdo que pode cair na prova. A escolha pelo livro físico é para não perder o foco num momento tão importante como este.
“Na internet existe muita chance de dispersão. A gente está sempre querendo dar uma olhadinha nas redes sociais e assim perde o foco totalmente. Na biblioteca você pega o livro, coloca o celular no modo avião e embarca. Fora que estar em um ambiente propício pra isso não faz com que a gente se distraia e queira parar pra comer, tomar um café ou algo que faça sair da linha de estudos que foi traçada”, pontua.
A cidade tem ainda uma biblioteca voltada ao material teológico. Com quatro andares repletos de títulos, o material reunido no acervo do Instituto Teológico Franciscano conta com mais de duzentos mil livros. Cerca de sessenta alunos da universidade passam pelo local todos os dias, além de pesquisadores de outros estados e até de fora do Brasil, que já vieram desfrutar do conteúdo disponível no espaço. Há ainda opções em francês, inglês, alemão e outros idiomas. O local conta também com salas privativas de estudo e oferece ainda trabalhos com temas como História, Sociologia, Filosofia e os exemplares de todas as publicações da tradicional Editora Vozes.
Foto: Bruno Avellar
Responsáveis por biblioteca enxergam internet como ferramenta de apoio
Os recursos diversos como celulares, smartphones, tablets e computadores, são considerados ferramentas cruciais no desenvolvimento do trabalho realizado na biblioteca. Segundo os bibliotecários, a chegada da tecnologia trouxe avanços significativos. “Não desprezamos a tecnologia pois ela facilitou muito o nosso serviço. Com isso eliminamos as fichas, modernizamos os processos e vemos que é um complemento. Acredito que ela auxilia, mas não substitui o valor do livro”, afirma Marlena.
“A biblioteca ainda tem um grande fluxo pois quem exerce o hábito da leitura não largou e continua procurando os títulos. Muita gente também aproveita o espaço para se reunir, ter aulas particulares, estudar em conjunto ou usar os computadores que dão suporte ao leitor. A internet mudou um pouco o perfil do nosso público, mas surgiu como um fator que veio a somar nesse trabalho”, finaliza Maria Luiza Rocha.