• Quando mentir dói menos

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  • 02/02/2019 10:10

    A grande mídia, em conluio com o que há de mais atrasado neste país, tenta transmitir à população a falsa imagem de um Brasil que saiu da crise e retoma o caminho do desenvolvimento e da concórdia social após o “pesadelo” que representou o PT. Para tanto, distorcem um quadro de profundas disparidades sociais com projeções e dados que só se realizam em seu ideário liberal, reduzem a crise político-institucional às autorreformas e preparam a entrega do patrimônio público, sem o menor constrangimento, a pretexto de modernizar o Estado.

    Ocorre que a realidade é bem distinta e se impõe sobre a manipulação midiática. A fantasia de um país que volta a crescer e gerar empregos, bordão preferido pelos golpistas de ontem, se desfaz quando o trabalhador, que vive um cotidiano diferente do mundo encantado apresentado pelo consenso dominante, percebe, por exemplo, que a recuperação econômica é ridícula e o déficit social só fez aumentar nos últimos anos. De concreto, apenas a certeza de que o aprofundamento da crise econômica e o acirramento das contradições produzidas por este sistema, tendem a provocar explosões sociais que serão inevitavelmente tratadas pelo governo regressivo de hoje com repressão e criminalização.

    Tudo por que, apavorada ante a possibilidade da crise gerar outra solução que não a de seu tradicional receituário, nossa burguesia expôs sua já conhecida vocação de recorrer a expedientes pouco democráticos quando se trata de salvaguardar seus interesses. Agora acha que pode empurrar para o trabalhador uma conta que não é dele ao mesmo tempo que acredita ter encontrado ambiente propício para seus negócios, no qual a liberdade é um mero detalhe.

    Egoístas por natureza, nossas classes dominantes não só apoiaram o golpe como apostaram no viés autoritário como solução para a crise. Só não perceberam na arapuca em que estavam se metendo. O estreitamento dos espaços e liberdades democráticas que começa a se verificar interessa e contribui, em última instância, para alimentar aquele fenômeno que se julgava combater: a corrupção. Como a língua é o chicote do rabo e coerência não constitui  o forte de nossas elites, dói menos mentir sobre a situação do país e tentar enganar a população do que assumir suas más escolhas e seu descompromisso com tudo que é popular.

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