• DOENÇA MULTIFATORIAL AFETA CÃES E GATOS

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  • 09/12/2015 12:00

    O ato de adotar ou comprar um animal de estimação inclui ações além dos cuidados básicos, por parte dos donos. Ações e observações diárias do comportamento dos bichos são fundamentais para detectar qualquer alteração. Tais mudanças podem indicar uma infinidade de coisas, mas geralmente elas são um sinal claro de que seu amigo não está bem.

    Assim como nós, os pets podem sofrer de doenças típicas em humanos, como a diabetes. De acordo com a veterinária e endocrinologista Marcelle Castelo, a Diabetes Mellitus é a doença metabólica originada no pâncreas endócrino. Caracteriza-se pelo aumento da concentração de glicose na circulação sanguínea. "Cães e gatos desenvolvem a doença devido à defeitos na produção de insulina nas células pancreáticas, na atuação da insulina em tecidos periféricos ou ambas".

    A veterinária que atende na Clínica Amigo Bicho, em Petrópolis, explica que esta doença é multifatorial, ou seja, vários fatores como predisposição genética, obesidade, presença de outras doenças endócrinas como a Síndrome de Cushing, aplicação de medicamentos anticoncepcionais em cadelas e gatas, pancreatite, infecções e tratamento prolongado a base de glicocorticoides contribuem para a manifestação da Diabetes Mellitus. A maioria dos cães apresenta os sinais da patologia entre 4 e 14 anos, enquanto nos gatos, ocorre com mais frequência a partir dos 9 anos de idade.

    Um fator a ser destacado é que cadelas são acometidas com essa doença cerca de três vezes mais em relação a cães machos. Nas fêmeas, a produção de progesterona no ciclo reprodutor estimula a produção de hormônio de crescimento, que possui ação antiinsulínica. Já em felinos a situação é contrária, sendo os machos castrados mais acometidos pela diabetes.

    Os donos devem estar atentos aos primeiros sinais clínicos da doença que são: aumento da ingestão de água, aumento da produção de urina, aumento do apetite e perda de peso. "O diagnóstico baseia-se em observação do aumento da concentração de glicose na circulação sanguínea e presença de glicose na urina, além de observação de sinais clínicos compatíveis. Há também outras alterações laboratoriais características nas dosagens de colesterol, triglicerídeos e enzimas hepáticas", ressalta Marcelle.

    A especialista em endocrinologia revela que o método de tratamento mais indicado para cães e gatos é a reposição de insulina, acompanhada de alimentação apropriada e tratamento da causa de base da Diabetes Mellitus. "Porém, a melhor forma de evitar o desenvolvimento da doença é a prevenção, mantendo uma alimentação balanceada e rotina de atividades físicas, prevenir a obesidade, não utilizar medicações anticoncepcionais em cadelas e gatas, ou medicações a base de glicocorticoides por tempo prolongado, castrar as fêmeas caso não haja a intenção de reprodução".

    Há raças de cães que são mais propensas a desenvolver a diabetes, tais como: Australian Terrier, Fox Terrier, Cairn Terrier, Yorkshire Terrier, Schnauzer miniatura e standard, Bichon Frise, Spitz, Poodle Toy e miniatura, Samoyeda, Lhasa Apso, Pinscher miniatura, Beagle e Dachshund. Já em felinos não há predisposição racial aparente.

    Marcelle explica que existem diferentes tipos de diabetes, entre elas as do tipo I e II. "O tipo I caracteriza-se por deficiência absoluta na produção da insulina devido à destruição das células pancreáticas produtoras do hormônio. Já a do tipo II é caracterizada por resistência à ação da insulina em tecidos periféricos e disfunção nas células pancreáticas produtoras de insulina. Não há evidências de que os cães desenvolvam Diabetes Mellitus tipo II, enquanto que nos felinos diabéticos, 80% dos animais apresentam este tipo da doença".

    Apesar de de raro, há casos de diabetes em animais com menos de um ano de idade. "Estudos indicam que alguns fatores da Diabetes Melittus Juvenil contribuem para o acometimento de animais jovens como predisposição genética, infecção por parvovírus, desaparecimento progressivo das células β pancreáticas e insulinite imunomediada", conclui a veterinária.

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